“Todo ser humano que trabalha tem direito a uma remuneração justa  e satisfatória, que lhe assegure, assim como à sua família, uma existência compatível com a dignidade humana e a que se acrescentarão, se necessário, outros meios de proteção social” - Clausula 3 do artigo XXIII da Declaração Universal dos Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas (ONU) 

Os direitos trabalhistas do qual gozam a nossa Constituição e a Declaração Universal dos Direitos Humanos não foram conseguidos de imediato. No campo do trabalho foram precisos vários séculos de muitas lutas e sacrifícios de gerações de trabalhadores para que direitos básicos como carteira de trabalho, previdência social e toda uma legislação de proteção ao trabalhador fosse instituída. Essa evolução ainda está em curso, pois nada é imediato, tudo é um processo.

Nesses 32 dias de luta, os trabalhadores da Neodent deram mais um passo nessa trajetória por melhores condições de trabalho. Já no primeiro ano de luta na nova fábrica da empresa, fizeram a greve mais longa da categoria metalúrgica do Paraná: Foram longos 32 dias enfrentando pressão, policia, frio, calor, chuva e salários cortados na luta por melhores condições de trabalho.  Ontem pela manhã, reunidos em assembleia em porta de fábrica, os trabalhadores decidiram encerrar a greve ficando entendido entre todos que o recado está dado: se a empresa acreditava que os trabalhadores não tinham capacidade de mobilização e nem coragem para lutar por condições dignas de trabalho, se enganou.

Quem se achava inatingível, viu que se não houver respeito e reconhecimento, as coisas se complicam. Restou à Neodent a fama de uma empresa que tem os olhos no passado quando se fala em gestão de pessoas.  Uma empresa que está na contramão da tendência global do século 21, cujo o pensamento é de que o trabalhador respeitado, é trabalhador motivado. Prova disso são as publicações sobre economia e negócios que estão cheios de exemplos de empresas e corporações que investiram nesta formula e estão tendo sucesso, com a produtividade e lucros em alta crescente ano após ano. Quem administra a Neodent precisa estudar mais, se reciclar. Estivessem atualizados, não deixariam a situação chegar a esse nível de desgaste para ambas as partes, tanto para os trabalhadores como para a própria empresa.

Do presidente da Neodent,  Geninho Thomé, a imagem que fica é a de um ser que não tem respeito pelos direitos humanos e vê seus funcionários somente como peças descartáveis de sua empresa.

Os trabalhadores da Neodent ficam na história pela coragem e exemplo de luta contra a intransigência e desrespeito pelos direitos humanos e trabalhistas. Tudo é um processo. A empresa se comprometeu a implantar ano que vem Participação nos Lucros e Resultados (PLR). É um degrau da longa escada a se percorrer para criar um ambiente de trabalho decente para as duas partes, tanto dos trabalhadores como para a Neodent. O recado foi dado. Coube aos atuais metalúrgicos da empresa, a coragem para plantar a semente. Caberá as futuras gerações de trabalhadores, também com luta e suor, a colheita dos frutos dessa exemplar mobilização.

Confira fotos dos 32 dias de greve na Neodent aqui.