Com investimentos de R$ 500 milhões nos próximos ano, a fábrica da Renault em São José dos Pinhais, PR, deverá saltar sua capacidade de produção dos atuais 45 veículos/hora para 60 unidades/hora. O número foi revelado por Alain Tissier, vice-presidente, na sexta-feira, 1º.

Dos investimentos totais de R$ 1,5 bilhão programados pela empresa no Brasil nos próximos anos, R$ 1 bilhão destinam-se a desenvolvimento de produtos e R$ 500 milhões especificamente à ampliação da capacidade – aproximadamente 90% desse valor será desembolsado de 2012 a 2013.
O plano é manter os 60% de área preservada do terreno de 2,5 milhões de metros quadrados que ocupa o Complexo Ayrton Senna, na cidade paranaense. Ou seja: a Renault pretende expandir sua capacidade sem aumentar a área ocupada, que está nos 40% restantes – um milhão de metros quadrados. Esta é a meta do programa CVP60, sigla que resume a ideia de aumentar a capacidade de produção de veículos de passeio para 60 unidades por hora.

Está prevista, ao término da expansão, contratação de 1 mil trabalhadores.

Segundo o executivo a ampliação de área construída será insignificante: "As maiores mudanças acontecerão dentro das áreas já existentes". Uma das mais radicais será na linha de produção, que será "totalmente reconstruída", com equipamentos e sistemas de produção mais modernos, e também nas linhas de pintura e de estamparia.

Atualmente cerca de 100 profissionais trabalham no projeto de expansão, segundo Tissier. O executivo brincou quanto à modernização dos equipamentos nas áreas de produção: "na pintura ainda temos alguns robôs programados em DOS [sistema operacional de computadores antigos, pré-windows], para os quais há apenas três pessoas capazes de dar assistência em todo o mundo".
Com a nova capacidade a Renault espera continuar crescendo em participação no mercado, saltando de 7% projetados para 2012 para 10% até 2014. Tissier acredita que o mercado continuará crescendo e que a queda no ritmo de produção e vendas deste início de ano é uma questão pontual: "A demanda continuará crescendo. A competividade também, mas estaremos preparados enfrentar esses desafios".

Tissier lamentou as dificuldades alfandegárias impostas pela Argentina para os produtos brasileiros, que provocam atrasos nas liberações alfandegárias. "Estamos atrasando em aproximadamente 15 dias as entregas de veículos entre os dois países. Isto torna tudo mais dispendioso e trabalhoso, pois temos que manter uma logística muito mais complexa para compensar esses atrasos. Se antes tínhamos fluxo de 1,8 mil veículos nos dois sentidos, hoje precisamos manter um volume constante de aproximadamente 4 mil unidades, pois está tudo muito mais demorado tanto daqui para lá como de lá para cá."

Para além de 2014 há um novo cenário de expansão, caso necessário, pois a área hoje ocupada pela linha da Nissan será liberada com a inauguração da fábrica da empresa em Resende, RJ, dando ainda mais fôlego produtivo à Renault brasileira.