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Vida metalúrgica: Gunha cinquentenário e o sindicato na luta por espaço

- Trajetória do trabalhador pontua desde construção de sede até diferenças em greves e negociações

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Pouco menos de um ano depois de começar a trabalhar, em janeiro de 1964, Benjamim Gunha se tornou um trabalhador sindicalizado.  Guarda até os dias de hoje sua primeira carteirinha de sócio do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC), junto com a primeira caderneta de INSS. O moleque da época cresceu, virou pai de família e se tornou um mecânico montador de respeito.  

Atualmente, Gunha divide seu cotidiano entre o trabalho em fábrica e a participação no conselho fiscal do SMC, entidade que lhe homenageou pelos cinquenta anos de participação. Tempos esses de conquistas diversas. Uma das principais foi ter participado efetivamente da construção da sede atual do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, a partir de 1972.

Até então, na década de 60, os encontros eram realizados em uma pequena sala na praça Santos Andrade, centro da capital. Local que era “deixado de lado” nos finais de ano, quando havia necessidade de espaço mais amplo para realização de assembleias de negociação para reajustes de salário. Perto, mas em outro ponto, lembra Gunha. “Alugávamos a sede do Sindicato do Comércio”, ressalta, sobre o prédio localizado algumas quadras do então ponto de encontro oficial do SMC.

Buscar apoio metalúrgico para construção de patrimônio próprio nos tempos difíceis de ditadura militar acabou se tornando uma das opções para avançar na luta por direitos e benefícios para classe trabalhadora.  Os tempos de troca de chumbo no Brasil começaram em 1964 e duraram 20 anos, apesar de não haver constante intensidade. Algo que não impediu a aquisição de uma sede mais ampla para o Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba. Mesmo com recursos limitados. “Para a compra da sede na Rua Lamenha Lins, faltou dinheiro. Trabalhadores da Langer, por exemplo, chegaram a emprestar”, conta Gunha. “Era quase uma família”, completa, com o tom de quem prevaleceu em posição do bem comum na luta pela categoria.

Outros pontos de encontro foram a chácara em São José dos Pinhais, região metropolitana, e a Colônia de Férias em Matinhos, no litoral do Paraná. Além dos debates sobre reivindicações de classe, a existência de patrimônio auxiliava em outra atividade para integrar os trabalhadores. Gunha exemplifica do esporte até as confraternizações realizadas no próprio bar do SMC. “Eram feitos jogos de futebol de campo entre os times de empresas. Era em diversos lugares, na chácara tinha. Era em todos os lugares”. Algo, porém, tinha local de encontro específico. “Todo mundo vinha aqui (na sede do sindicato) sexta-feira. Ficou famosa a carne de onça”.  


Posição sindical
Um dos fatos marcantes dos primeiros tempos de trabalho, pontua Benjamim Gunha, estava no formato de busca por reajustes salariais e greves. A primeira ordenação de braços cruzados com a participação do hoje diretor sindical ocorreu logo no início de carreira. Em 1963, quando ainda era menino. “Teve uma greve geral de dois dias”. “Envolvia a categoria toda.  Diferente de agora que os movimentos (de paralização) ocorrem empresa por empresa. Até a época do Lula, nos anos 80, o movimento era feito em toda categoria metalúrgica (ao mesmo tempo na cidade). Em 1979, se não me engano, foi feita a última greve nesse jeito”, completa.

À maneira antiga, conta Gunha, havia uma maneira de driblar a repressão dos tempos de ditadura. “Parava uma empresa e depois faziam uma espécie de arrastão nas demais. A negociação era a nível maior e se tentava parar o maior número possível de empresas. A polícia vinha atrás”, ressalta.

Benjamin Gunha não tem lembranças sobre empresas onde não trabalhou, mas indica que seu patrão tentava buscar tolerância com o movimento sindical em tempos preliminares do chumbo trocado. “Em 1963, ele dispensou nós do trabalho e falou que enquanto não acertasse com o sindicato, não era pra voltar a trabalhar. Nos dias de hoje, temos gerentes que praticamente querem que se trabalhe na marra, querem obrigar”, finaliza, sobre o jogo de pressão ocorrido para tentar desmobilizar as partes.

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