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Sindicato faz protesto contra racismo e acidentes de trabalho na Aramital/Aramesul, em São José dos Pinhais/PR

Após perder dois dedos em acidente, haitiano ainda foi chamado de “macaco da Amazônia” por amigo do dono da empresa

O Sindicato esteve na manhã desta terça-feira (04), na frente da empresa Aramital/Aramesul, localizada em São José dos Pinhais, para realizar um protesto contra o ato de racismo praticado pelo amigo do dono da empresa contra um trabalhador. Segundo R.L., que é imigrante haitiano e trabalha na portaria da empresa, no dia 27 de julho, o amigo do dono teria se ofendido ao ter que esperar para ter sua entrada autorizada na empresa. Dessa forma, ligou para o empresário e disparou xingamentos e ameaças contra o trabalhador dizendo que ele era um “macaco da Amazônia e que  iria lhe dar um tiro na cara”. O trabalhador fez um boletim de ocorrência  e procurou o Sindicato. A empresa não quis revelar o nome do agressor.

“É uma vergonha que, ainda em pleno século XXI, tenhamos que presenciar situações como essa, onde o trabalhador é atacado e ofendido como se fosse um objeto ou coisa qualquer”, disse Pedro Paulo da Silva, Diretor de Direitos Humanos e Políticas Raciais da Força Sindical do Paraná, que participou do protesto.

Dedos do trabalhador foram jogados fora por que viraram “carne moída”
O trabalhador relata que foi realocado para exercer a função de porteiro devido um acidente de trabalho, que sofreu no começo do ano, e  onde perdeu parte de dois dedos da mão. A empresa em vez de recolher os dedos para uma possível recomposição da mão do acidentado, jogou-os fora porque, segundo relatou na audiência judicial, “a luva no qual ficou preso o dedo não continha mais um dedo, mas sim e, infelizmente, uma carne moída, sendo desnecessários conhecimentos médicos para perceber que seria impossível reimplantá-los”.

Mesmo após retornar do período de afastamento, o trabalhador foi colocado para operar máquinas mais pesadas. Após procurar o Sindicato e a Justiça, ficou acertado com  a empresa que ele seria realocado para a portaria. Ele denuncia que desde então tem sido tratado como “se fosse um bicho” por algumas pessoas da empresa.

Sindicato dará todo o suporte e vai denunciar caso as instituições de direitos humanos

No protesto, o Sindicato deixou bem claro a negligência da empresa, tanto no caso do acidente, como no caso da discriminação racial, já que protegeu o agressor que xingou o trabalhador. O Sindicato estará dando todo o suporte necessário para que os direitos do trabalhador sejam respeitados. Além disso, vai levar o caso às instituições de direitos humanos.

Imigrantes fogem dos efeitos do terremoto que devastou o Haiti em 2010
Os haitianos que tem vindo para o Brasil em busca de  melhores condições de vida são vítimas dos efeitos do terremoto que devastou aquele país em  2010 e que deixou um saldo macabro de 220 mil mortos e 2,3 milhões de desabrigados. Na ocasião, morreram também a médica brasileira Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança, 18 militares brasileiros, além do vice-representante especial do secretário-geral da ONU, Luiz Carlos da Costa.

A situação dos sobreviventes, expostos a falta de água potável  e sem infraestrutura sanitária, ficou pior com a epidemia de cólera, logo depois do terremoto. O mundo ficou chocado com as imagens das “bolachas” de barro, produzidas pelas mulheres como uma maneira de tentar matar a fome.

 É para fugir de situações assim, que milhares de haitianos e haitianas começaram a migrar para outros países, inclusive para o Brasil. “é muito difícil ter que deixar minha família lá para vir para um país desconhecido. Mas é a única forma de conseguir tentar melhorar de vida”, diz um deles.

Muitos falam de duas a quatro línguas (o francês, a língua oficial do pais, o inglês, o espanhol e o “crioulo”, um dialeto). Além disso, alguns também já tem ensino superior, porém devido a falta de documentos, perdidos no terremoto, não tem como comprovar formação e, hoje, se sujeitam a trabalhos de menor remuneração e condições de trabalho em países estrangeiros, sofrendo além de tudo, discriminação pela cor da pele e condição de imigrante.

 Em 2014, através de uma parceria com a Prefeitura de Pinhais, o Sindicato forneceu material escolar para um programa de inserção de imigrantes mantido no município.

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