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Trabalhadores em TI de São Paulo conseguem jornada de 40 horas

O Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo, conquistou, na semana passada, o que as centrais sindicais estão ansiosas por obter no Congresso. Depois de oito reuniões com os empresários do setor, o sindicato alcançou o compromisso de reduzir a carga semanal de trabalho de 44 para 40 horas, a começar em janeiro de 2011. Além de reduzir a jornada, os empresários concordaram em aumentar os salários da categoria.

A reportagem é de João Villaverde e publicada pelo jornal Valor, 16-03-2010.

Os trabalhadores do setor se dividem em categorias que variam de programadores de software até prestadores de serviços às empresas que adquirem sistemas embarcados, passando por digitadores e técnicos de help desk. O acordo fechado pelo sindicato foi de reajuste de 6%, sendo 1,9% de aumento real - inflação, medida pelo INPC, de 4,1% em 2009. Para os pisos, os aumentos podem chegar a 12,5%. Assim, o piso de digitador alcança, neste ano, R$ 820, e o de técnico R$ 910.

"Acho que o patronato entendeu que o setor passou praticamente blindado pela crise, em 2009, e tem tudo para continuar crescendo forte", diz Antônio Neto, presidente do sindicato. Segundo Neto, os sistemas de software e tecnologia da informação (TI) ajudaram as empresas, de diferentes setores, a enxugar gastos no momento de condições adversas, entre o fim de 2008 e o início do ano passado. Além disso, avalia Neto, trata-se de um setor onde a carga horária é mais flexível que em categorias industriais. "Funções como help desk já tinham carga inferior a 44 horas semanais", diz.

O Valor ouviu três empresas do setor e os empresários apresentaram visões semelhantes acerca do impacto da redução da jornada. "O que fizemos foi oficializar algo que já estava sendo feito, para muitas funções, e que em mais ou menos tempo teria de acontecer", avalia Osmar Higashi, sócio-diretor RSI Informática, que emprega cerca de mil funcionários. "O trabalhador de TI não é um operário, que gera resultados lineares ao longo do dia. Ele trabalha com criação, então pode resolver em pouco tempo, depende de sua qualificação", avalia Higashi. O salário médio do executor de testes oscila em torno de R$ 3 mil. Ao todo, a folha de pagamento representa mais de 70% dos custos da RSI.

Os 2 mil funcionários da BRQ, segundo Antônio Edvaldo Rodrigues, vice-presidente da empresa, já operavam em regimes inferiores a 44 horas semanais.

Dos cerca de 70 mil trabalhadores da categoria em São Paulo, o sindicato avalia que por volta de 30 mil são sindicalizados. O perfil do trabalhador filiado ao sindicato, diz Neto, é "mais introspectivo que o operário tradicional, de fábrica". O sindicato aposta em tecnologias interativas para aprimorar o diálogo com seus filiados. "Gravamos todas as negociações e depois disponibilizamos no nosso endereço na internet", diz. Para Marcos Peano, presidente da BRKO, que emprega 450 trabalhadores, a negociação de 2010 demonstrou que o sindicato "agora é representativo". "Até bem pouco tempo atrás, praticamente não existia sindicato para o setor. Foram negociações tensas, mas é o que se espera de mediações entre duas partes interessadas", avalia.

Segundo José Silvestre Prado de Oliveira, supervisor do Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos (Dieese), a redução da jornada de trabalho "ainda é uma luta", uma vez que os "poucos acordos foram conquistados com empresas, e não por categoria". Para Neto, que também é presidente da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB) - central que obteve R$ 4,5 milhões no ano passado oriundos da repartição do imposto sindical - a conquista do sindicato "reforça a luta das centrais no plano federal".

As centrais sindicais elegeram a luta pela redução da carga de trabalho semanal de 44 para 40 horas, como a principal bandeira de 2009. Não conseguiram emplacar, pois, segundo analisam, os sindicatos deram prioridade a negociações por manutenção do emprego e reajustes elevados de salário, em ano de crise econômica. A pauta ficou para 2010. Todas as ações políticas e sindicais das centrais e seus sindicatos, desde inauguração de sedes até a promoção de seminários, são permeados por mensagens em prol da redução da jornada.

No Congresso Nacional, o presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB), sinaliza que os deputados podem votar emenda intermediária, que reduz a carga para 42 horas semanais até 2012. As seis centrais - CUT, Força Sindical, UGT, NCST, CTB e CGTB - esperam realizar audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva até o fim deste mês para tratar do assunto.

Fonte: IHU

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