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Força Sindical cobra montadoras por postura incoerente, em Gravataí

Encontro em Gravataí (RS) reúne trabalhadores brasileiros e americanos para traçar estratégias de luta por mais direitos e para barrar ataques das empresas à liberdade de organização

Iniciou hoje em Gravataí (RS), o 2 Encontro Internacional de Montadoras.  Reunindo trabalhadores americanos e brasileiros, o objetivo do evento é debater a luta, os desafios e as estratégias de cooperação e organização sindical nos dois países, principalmente nas montadoras. O encontro, que é uma extensão do Seminário de Internacional de Organização Sindical, que aconteceu em março de 2015 em Curitiba, vai até sexta feira (Confira programação abaixo). Além de dirigentes sindicais dos EUA estão participando metalúrgicos do Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo e Goiás.

Abertura do encontro

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Sérgio Butka, criticou na abertura do evento o comportamento das montadoras: “As montadoras buscam mão de obra barata para aumentar seus lucros e depois encaminhar isso aos seus países de origem. Nós não queremos que as empresas se instalem somente  pensando no lucro fácil. Queremos  saber quais as contrapartidas que ela vai dar para os incentivos fiscais que recebem, quais as responsabilidades que terão com o emprego do trabalhador”, ressaltou Sérgio.

Para o presidente da Força Sindical, Miguel Torres, o momento é propício para o debate. “É muito oportuno chamar esse seminário, a cadeia produtiva tem sofrido, estamos num momento de aumento do desemprego, aumento da inflação e da crise de confiança. Situações que estão prolongando a crise no Brasil.  Com certeza devemos buscar maneiras de contribuir para voltar a debater e a pensar no Brasil e no mundo. Devemos deixar as diferenças  para pensar e construir o Brasil e o mundo”, disse.

Richard Bessinger, representante do Sindicato americano UAW, agradeceu o apoio que tem recebido da Força Sindical nas lutas contra a perseguição e falta de liberdade sindical promovidas pelas multinacionais nos EUA, principalmente na fábrica da Nissan, no estado do Mississipi. “A Força  tem sido nossa principal parceira no Mississipi. Quando as empresas estavam ameaçando e demitindo os trabalhadores  recebemos apoios de muitos trabalhadores de Curitiba e vimos os protestos que fizeram no Brasil contra as demissões. O nosso Sindicato esteve aqui e disse que se todos os Sindicatos do mundo fossem igual ao de Curitiba e aos da Força, nos resolveríamos todos os problemas do Mississipi”, disse.

Já o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Gravataí, Valcir Ascari, agradeceu a presença das autoridades e lideranças politicas presentes na abertura do evento e destacou a importância de realizar esse evento: “é uma honra para nos recebermos esse encontro que vai contribuir para o fortalecimento das parcerias com os trabalhadores americanos. É muito importante conhecermos as realidades dos trabalhadores de outros países para poder trocar experiências e traça estratégias”, disse.

 O prefeito de Gravataí, que participou da abertura também elogiou a iniciativa: O Sindicato soube compreender e diagnosticar que a construção dos caminhos para solucionar a crise, passam pelo debate de ideias. Como prefeito me sinto honrado de estar aqui. Tenho a responsabilidade e dever de acompanhar todos os setores e a classe trabalhadora está de parabéns porque está buscando alternativas e ações concretas - afirmou.

Crise política tem travado o país
O presidente da Anfavea, Luiz Moan, abriu o ciclo de palestras do Encontro mostrando a queda  na produção motivada pela crise econômica pelo qual passa o país. Para Moan, o grande problema que tem travado a retomada da economia se deve à radicalização que tem tomado conta da política nacional. “O grande problema é que nos criamos a crise. Passamos a defender partidos, passamos a não pensar o Brasil, começamos a pensar de forma particular. A crise de pessimismo jogada no mercado, acaba reduzindo o nível de confiança do consumidor. É essa crise que tem nos matado”, disse Moan.

Para Moan, a crise deve unir empresas e trabalhadores para o enfrentamento da crise. “Essa crise é grave, mas não é a pior que já enfrentamos. Nos anos 80 e 90 tivemos crises, mas soubemos construir juntos uma saída, juntos fizemos o que se chama “Câmara Setorial” onde  o governo, as empresas e os trabalhadores estiveram juntos para superar. O problema é que hoje existe uma crise política que tem nos travado”, afirmou o presidente da Anfavea.

Força contesta postura incoerente da Anfavea
O presidente da Força Sindical, Miguel Torres, contestou Moan ao afirmar que hoje, com a crise, as empresa veem propor diálogo com os trabalhadores. Mas quando o mercado estava acelerado, tanto o governo, como o empresariado, davam as costas para o movimento sindical. “Nos deixaram de fora das discussões da política industrial em todo esse tempo. Agora, com o setor retraído, querem falar em união  para superar o momento. A culpa das greves  é devido a intransigência das empresas em negociar. Nós  sempre pregamos a negociação. É preciso mudar essa postura de chamar o movimento sindical de amigo só quando se precisa dele”, cobrou Miguel Torres.

Para embasar sua fala, Torres citou o Plano Brasil Maior, que o governo federal lançou em abril de 2012. “Para enfrentar a crise de 2008, construímos juntos, de maneira tripartite, o Brasil Maior,  para  fomentar a política industrial, todo mundo contribuiu com propostas para fortalecer as empresas. Espantamos a crise. O mundo inteiro queria saber como escapamos da crise. Aí depois, quando fomos discutir as contrapartidas para os trabalhadores, pararam de nos procurar e a coisa ficou somente com o governo e os empresários”, lembrou Miguel.

Além da atitude das empresas, Miguel criticou o governo pelo ajuste fiscal que tem promovido somente em cima da população. “O governo quer economizar em cima dos trabalhadores. Cadê a taxação das grande fortunas, das remessas de lucro para o exterior. O trabalhador tem que pagar IPVA do seu carro, , mas quem tem lancha e helicóptero é isento. Esse ajuste fiscal foi para diminuir mesmo os trabalhadores”, disse Torres.“Tem 400 empresas devendo para o governo. A primeira da lista é a Vale do Rio Doce, que deve em torno de R$ 51 bilhões. Se o governo cobrasse desses empresas não precisaria de ajuste fiscal”, defendeu.

Miguel lembrou que o movimento sindical tem que estar atuante para pressionar pela aprovação de suas bandeiras. “Temos propostas para o Brasil poder se pavimentar para a retomada da economia. Queremos sim as 40 horas semanais, queremos uma política de proteção ao idoso, precisamos debater a questão da previdência. precisamos da correção da tabela do imposto de renda É isso que vai fazer com que superemos a crise. Mas parece que a moda agora é tirar direitos, o que não é saída para a crise”, finalizou Miguel.

Programação

A programação continua ao longo desta quinta-feira (15/10) com debates sobre o cenário econômico das montadoras, através do pronunciamento do representante do DIEESE, Roberto Anacleto e também com a discussão do fortalecimento da ação dos sindicatos através da política de redes. Durante à tarde será a vez dos participantes conhecerem a experiência norte-americana do Sindicato UAW. No encerramento a pauta traz o papel do judiciário com a palestra do desembargador Ricardo Carvalho Fraga.

Confira a programação completa do 2º Encontro Internacional das Montadoras

Quinta-feira (15 de Outubro)

9h às 10h30min
Tema: Análise do segmento de montadoras.
Palestrante: Roberto Anacleto - DIEESE.

10h30min às 12h
Tema: Estratégia de fortalecimento da ação dos sindicatos através da política de redes.
Palestrantes: Everaldo e Mônica

12h - Intervalo para almoço

14h às 15h -
Tema: Como sindicalizar em um sistema individual e voluntário.
Palestrante: Richard Bensinger UAW

15h às 16h
Tema: O papel do judiciário trabalhista na aplicação do princípio da proteção.
Palestrante: Ricardo Carvalho Fraga, desembargador federal do trabalho.

16h às 17h30min
Tema: A estratégia que deu certo: redução da jornada de trabalho sem redução salarial.Campanha global de organização no local de trabalho.
Palestrante: Edson Dorneles (SinMgra) Virgínia Coughlin UAW

Sexta-feira (16 de outubro)

9h às 10h
Tema: Terceirização
Palestrante: Sérgio Butka e Iraci

10h às 10h30min
Tema: Medidas criativas para enfrentar a crise no setor automobilístico.
Palestrante: Sidnei Alvarez, diretor da GM

10h30min às 11h30
Tema: Campanha de Sindicalização na Nissan - EUA
Palestrante: Sanchioni Butler UAW

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