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´Estamos criando uma sociedade de doentes do trabalho”, denuncia professor

O segundo momento da oficina dos trabalhadores do Congresso da Associação Nacional de Medicina do Trabalho – ANAMT, que acontece nesse final de semana, foi realizado o sociólogo, professor da Unicamp e escritor, Ricardo Antunes, debateu como o ritmo de trabalho e o processo tecnológico continuam gerando uma sociedade de doentes do trabalho.

Para o professor Antunes, a atual conjuntura de desenvolvimento do capitalismo é marcada pela forte automatização da produção, isto é, o significativo processo irreversível de transformações no processo produtivo pela substituição da mão de obra humana.

 Para aumentar a produtividade e a lucratividade o capitalismo se reinventa com novos métodos de produção e organização do trabalho. Os modelos Taylorista, Fordista e Toyotista são exemplos dessas estratégias produtivas de reinvenção do capitalismo. O ritmo imposto por esses sistemas não levam em conta as consequências para a saúde do trabalhador. O único objetivo torna-se “garantir o aumento da produtividade e a redução da força de trabalho”, conforme afirma o professor. Predomina a empresa ‘enxuta’, ‘flexível’, ‘liofilizada’ (que atua e se desenvolve em temperatura constante). O trabalho deixa de ser humano, fica maquinal. As metas impostas pelas empresas passam a controlar e subordinar os trabalhadores. O ritmo e a pressão tornam-se incessantes, já que os trabalhadores se vêem obrigados a competir entre si para ver quem é mais produtivo.

 “Isso acaba produzindo dramas pessoais. Conheci um caso de um trabalhador que teve que escolher o pai para ser demitido. Numa dessas células de trabalho de uma fábrica, os trabalhadores foram convocados para escolher um dentre eles para ser demitido. Por coincidência o pai estava na mesma célula que o filho e como foi considerado menos produtivo, por todos os membros do grupo, teve que ser demitido, inclusive pelo filho”, disse, completando. ´O ritmo imposto faz com que as pessoas adoeçam e sejam afastados do processo produtivo, autopunindo-se pelo fracasso. As pessoas estão morrendo por causa das metas, estão adoecendo. Nós vivemos numa sociedade de trabalho onde o corpo e destruído tanto física como psicologicamente’, disse.

Segundo o professor, junto a esse processo alia-se a concepção neoliberal de trabalho. “O neoliberalismo tem um lógica muito privada, é uma concepção de mundo onde tudo se transforma em porta para o lucro, sem levar em conta o ser humano, o trabalhador. O neoliberalismo é a destruição dos diretos do trabalho”, diz .

Por isso é preciso compreender como se dá a luta entre os interesses de classe e, mais precisamente, como se dão os conflitos no mundo do trabalho, uma vez que essas transformações podem significar uma precarização do trabalho. “Agora estão falando que precisam modernizar a CLT. O problema é que a modernização que entendem é acabar com os direitos”, denuncia.

 “Ninguém questiona que é preciso fazer ajustes, mas quando se fala em direitos, entre ficar com o arcaico e sem o arcaico, é claro que prefiro o arcaico”, diz o professor e provoca: “Porque ninguém toca no assunto de flexibilização e socialização dos lucros?”Para o professor a precarização do trabalho significa o desmonte dos direitos trabalhistas. Daí a importância de refletir sobre essa temática, sobre a lógica perversa do capitalismo, avaliando formas de manter garantias ao trabalhador, que é o lado mais frágil desse conflito.

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