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Amianto: Vereadores de São José dos Pinhais contra a saúde do trabalhador

Durante sessão, vereador votou contra  o próprio projeto e ainda ironizou  recomendação do Ministério Público contra os perigos do projeto que prorroga o amianto: "o Ministério Público não emprega ninguém"

Mesmo com o projeto que altera a lei de banimento do amianto em São José dos Pinhais  ficando para ser votado na próxima quinta-feira (09), os  vereadores Ailton Fenemê (PTB), Afonso Tadeu Camargo (PSL),  Alberto Setnasrky (PMDB), Carlos Fernando Ayres Machado (PSDB), Gastão Vosgerau (PSDB), Ido Antoninho Lunelli (PMDB), Luiz Carlos Monteiro (PSB), Luiz Paulo Lima (PSB), Margarida Maria Singer (DEM), Mari Lucia Stoco (PEN), Leandro da Nifer (PHS) e Wilson Cabelo (DEM) deixaram claro, durante a sessão plenária de hoje da  Câmara Municipal, que não estão nem aí  com a saúde do trabalhador.  Todos sinalizaram que vão votar a favor do projeto que prorroga  por mais 36 meses a manipulação do amianto no município. Ou seja, por mais três anos,  os trabalhadores pais e mães de família da cidade irão ficar expostos aos riscos nocivos do mineral comprovadamente cancerígeno.

A decisão contraria a notificação do Ministério Público do Trabalho que,  na semana passada, recomendou aos vereadores a não aprovação da emenda já que a prorrogação continuará colocando a saúde do trabalhador em risco.  A recomendação foi ironizada pelo vereador Ailton Fenemê que disse que o “Ministério Público não emprega ninguém”. Fenemê, aliás é o autor do projeto que baniu o amianto em 2013. Estranhamente, o vereador votou contra o próprio projeto.

Trabalhador entre a cruz e a espada
A Multilit, empresa que pediu a prorrogação, mandou todos os seus trabalhadores para a sessão. Todos ficaram sob a mira do patrão que também compareceu à sessão. “A ordem é fazer barulho”, disse um dos empregados que implorou para não ter o nome revelado.  A empresa se pronunciou durante a sessão, alegando que a não aprovação da lei vai causar demissões. Ou seja, os trabalhadores ficam entre a cruz e a espada: ou perder o emprego ou perder a saúde.

“É o que temos alertado. As empresas usam a crise para tentar flexibilizar os  direitos dos trabalhadores. Hoje é um exemplo clássico disso. O trabalhador fica acuado entre ter que escolher a ficar desempregado agora ou doente amanhã. Uma vergonha. No final, a conta da irresponsabilidade das empresas e do governo fica para a parte mais fraca pagar”, diz o presidente da Força Paraná, Nelson Silva de Souza, o Nelsão.

Durante a sessão, a empresa não foi questionada sobre o porque não se adequou a lei nos três últimos anos. Também não foi questionada sobre qual garantia dá de que irá se adequar nos próximos três anos, para que findo o novo prazo, o abacaxi não volte para as mãos dos trabalhadores e dos vereadores. Além disso, falou que a aprovação da lei não vai gerar desemprego, mas também não deu nenhuma garantia de que com a aprovação vai manter os empregos.

Estranhamente e de maneira vergonhosa, ao término da sessão,  uma boa parte dos vereadores foram até o dono da empresa para  cumprimenta-lo com efusividade. Inclusive o próprio vereador Fenemê, que votou contra o próprio projeto. Segundo o Ministério Público do Trabalho, os vereadores autores da proposta estão sujeitos à investigação de possível benefício financeiro com a proposta.

Mais de 1 milhão de mortos até 2030 no Brasil
O Amianto é um mineral altamente cancerígeno e já mata em torno de 200 mil trabalhadores por ano, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT). Segundo a notificação do Ministério Público, um estudo concluiu que até 2030, um milhão de pessoas podem morrer no Brasil em decorrência de doenças provocadas ou relacionadas à exposição desse material, pois a latência da doença é bastante prolongada. Atualmente, 66 países baniram o amianto.

Durante a sessão de hoje, o trabalhador Eliézer de Souza, que é contaminado pelo amianto e lidera a Associação Brasileira das Vítimas do Amianto, fez um apelo para que os vereadores coloquem a mão na consciência: “Essa é uma dívida que é cobrada a longo prazo. Temos lutar por empregos que não matem o trabalhador”, disse.

O diretor da subsede de São José dos Pinhais do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba, Gerson Tainha, foi enfático sobre o retrocesso que a aprovação da lei vai trazer: “É preciso lutar contra o trabalho precário. Garantir o emprego ao risco da  saúde hoje é correr  o risco de amanhã não poder trabalhar por estar doente, trazendo sofrimento para toda a família”, disse Tainha.

A notificação feita pelo Ministério Público aos vereadores é bem evidente: “ao votarem pela postergação do banimento do amianto em São José dos Pinhais, estão consciente e devidamente alertados que o fazem em benefício exclusivo dos interesses econômicos da empresa MULTILIT, desconhecendo os riscos e malefícios à saúde não apenas dos trabalhadores, mas de toda a sociedade que do mesmo modo fica exposto ao produto.

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