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Setor automotivo fez a indústria de transformação crescer no 1º trimestre

A reportagem do jornal Valor Econômico revelou nesta segunda-feira (31) que o setor automotivo foi o grande responsável pelo avanço de 3,4% na indústria de transformação brasileira no primeiro trimestre de 2017. Os dados divulgados pelo jornal são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi).

Leia a reportagem do Valor na íntegra:

Setor automotivo foi o único que realmente cresceu no primeiro trimestre

O grupo de média-alta tecnologia foi o único da indústria de transformação cuja produção cresceu no primeiro trimestre deste ano em comparação com o mesmo período de 2016. O avanço de 3,4% foi puxado pelo setor automotivo e beneficiado pela baixa base de comparação, efeito que deve perder força nos próximos meses e fazer com que a indústria de transformação tenha expansão próxima de zero na comparação com o ano passado.

Os dados são do Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial (Iedi), que a cada trimestre analisa o desempenho da indústria de transformação por quatro grupos de intensidade tecnológica: alta, média-alta, média-baixa e baixa. Segundo o Iedi, a produção da indústria de transformação caiu 0,5% no primeiro trimestre, em comparação com os três primeiros meses de 2016. “O que há é só uma intensidade tecnológica (média-alta) que está no azul, e essa intensidade só está no azul devido a um setor (automotivo)”, diz Rafael Cagnin, economista do Iedi.

O momento de maior contração da indústria de transformação aconteceu nos três meses finais de 2015, quando o recuo chegou a 12,3%, mais uma vez em relação ao mesmo período do ano anterior. Desde então, as retrações vêm sendo menores. No último trimestre do ano passado, a foi de 3,9%.

Agora, o setor de veículos automotores e reboques lidera a estabilização. O segmento cresceu 11,5% no primeiro trimestre contra os três primeiros meses de 2016, depois de cair 34% no fim de 2015.

“Existe um esforço das indústrias automobilísticas para ocupar a capacidade ociosa via exportações, dado esse mercado interno completamente adverso”, diz Cagnin. Segundo ele, o setor automotivo foi duplamente prejudicado durante a crise, já que, dependendo do tipo, um veículo pode ser classificado tanto como bem de consumo durável quanto como bem de capital. “Você soma dois setores onde a crise bateu com mais intensidade”, afirma.

O economista destaca também que, no período pré-crise, “houve um boom de aquisição de veículos”, o que permitiu que novas compras fossem adiadas durante os piores momentos da recessão. A Argentina, “onde há certo consumo reprimido de automóveis”, e o México são os principais destinos dessas exportações e devem “continuar dando algum oxigênio para o setor” ao longo de 2017. Por outro lado, a base de comparação baixa vai se recompondo e deve perder efeito nos próximos trimestres, diz Cagnin.

Dos quatro setores que compõem a intensidade de média-alta tecnologia, apenas máquinas e equipamentos mecânicos também registrou alta (2,1%) em relação ao mesmo período do ano passado, enquanto produtos químicos e máquinas e equipamentos elétricos tiveram quedas de, respectivamente, 0,2% e 4,4%.

O grupo que teve o segundo melhor desempenho foi o de baixa intensidade, com queda de 0,2%. A ajuda veio de têxteis, couros e calçados, que cresceu 5,8%. “Esse resultado (de têxteis, couros e calçados) tem um pouco de exportação, mas também de consumo interno”, diz ele, citando melhora nas condições de crédito, inflação em queda e liberação do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Com dois anos muito agudos de crise, as famílias adiaram as compras o máximo que puderam. Há muito consumo reprimido.”

Dos quatro segmentos que compõem a baixa intensidade, apenas têxteis, couros e calçados teve alta. “O que explica esse desempenho é uma combinação de uma situação não mais tão ruim do ponto de vista macroeconômico com medidas para injetar algum ânimo no consumo”, afirma. “Mas isso pode ser passageiro.” Produtos manufaturados e bens reciclados (-0,3%), alimentos, bebidas e tabaco (-1,2%) e madeira, papel e celulose (-1,9%) recuaram.

A alta intensidade tecnológica teve queda maior, de 3%, mas está inserida em um quadro não tão preocupante. “É o caso oposto da indústria de média-alta tecnologia, que cresce porque está muito concentrada em automóveis”, diz. “Aqui, a alta intensidade cai porque está muito concentrada em medicamentos.” No primeiro trimestre, a indústria farmacêutica teve uma contração de 15,3% ante os três primeiros meses de 2016. “É um setor que caiu bem depois dos demais e que está muito ligado a compras governamentais, SUS (Sistema Único de Saúde), Farmácia Popular. Tudo isso é meio sujeito a medidas de contingenciamento orçamentário”, diz Cagnin.

“O que é relevante é que a queda da alta tecnologia foi concentrada em um único setor e não tão grande quanto nos últimos trimestres”, diz. Nos trimestre final de 2016, a queda da produção da indústria de alta tecnologia foi de 10,1%. No primeiro trimestre, os outros três segmentos tiveram alta: equipamentos de rádio, TV e comunicação (26,5%), instrumentos médicos, de ótica e precisão (4,8%) e material de escritório e informática (2,5%), sempre em relação a igual período do ano anterior.

Já a intensidade de média-baixa tecnologia teve o pior resultado, caindo 4% e apresentando um ritmo de recuperação “muito lento, reticente”. No segundo trimestre do ano passado, o recuo foi de 10%, e as quedas vêm se tornando menores. “É um grupo em que o petróleo tem peso forte e que depende muito das decisões de uma empresa só, a Petrobras”, diz Cagnin. Os produtos de petróleo refinado e outros combustíveis caíram 9,6%, enquanto outros produtos minerais não-metálicos recuaram 2,2%. Produtos metálicos e borracha e produtos plásticos cresceram, respectivamente, 0,5% e 2,7%.

Para Cagnin, combinados, os dados dos quatro grupos mostram “mais estabilidade do que recuperação” da indústria de transformação. “Enquanto não houver retomada de fato da renda, é difícil pensar em uma recuperação sólida do setor. O impulso necessário é a estabilização do mercado de trabalho, tanto do ponto de vista da taxa de emprego quanto da renda do trabalho”, diz.

“Dado o tamanho do tombo dos últimos anos, mesmo que a indústria de transformação cresça 0,5%, 1%, 1,5%, isso não é nada. Nosso cenário para este ano é de zero a zero, estancamento da crise”.

Fonte: Valor Econômico/Estevão Taiar

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