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Negociações de 2013 dos Metalúrgicos da Grande Curitiba injetarão R$ 573,9 milhões extras na economia do Paraná até agora

Porém, luta dos trabalhadores é por uma politica salarial permanente que valorize a mão de obra

Em coletiva realizada hoje (17) à tarde, na sede do SMC, o Sindicato e o Departamento intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos – Dieese - apresentaram o balanço das negociações de 2013 realizadas até agora na categoria. Os acordos de Participação nos Lucros e Resultados (PLR) e Data base fechados pelos metalúrgicos da Grande Curitiba este ano injetarão R$ 573,9 milhões na economia do Paraná até 2014. O montante refere-se aos acordos de PLR mais o abono salarial, que tiveram crescimento médio de 16,75%, e vale mercado, que subiu em média 25,48%. O abono e o vm são itens da Data Base dos trabalhadores de 36 empresas da categoria (veja a relação dos 15 principais acordos abaixo). As negociações fechadas estão beneficiando cerca de 28.600 trabalhadores.

Apesar de destacar os valores dos acordos conquistados, o SMC foi taxativo ao afirmar que essa não é a melhor forma de remuneração para os trabalhadores. Segundo o presidente do Sindicato, Sérgio Butka, a PLR e o abono são remunerações variáveis, ou seja, não trazem uma expectativa de estabilidade para o trabalhador como é o caso dos salários fixos, que não sobem.

“Temos observado que indústria metalúrgica no Paraná tem direcionado mais remuneração para o valor variável (PLR e abono) dos trabalhadores do que para o  valor fixo (salário).  Esse é um tipo de politica que não privilegia o crescimento do trabalhador dentro da empresa.  Ele entra na empresa sem uma expectativa de crescimento porque não há hoje no Paraná uma politica de valorização real dos salários”, diz Butka.

Segundo o presidente do SMC, hoje, o topo salarial de um metalúrgico em uma empresa não chega a 30%.  “O trabalhador entra ganhando R$ 1.500, R$1.800 e não consegue passar de R$ 2.500. Isso acaba com a expectativa de crescimento daquele trabalhador que procurou se preparar para o mercado”, relata Sérgio alertando que isso é um risco pois pode afastar a mão de obra qualificada do estado.

“O trabalhador que tem uma certa qualificação  quer estabilidade e garantia de que vai poder continuar crescendo na empresa. E a política que nos temos no estado é de pagar salários fixos baixos  e ficar concedendo remunerações variáveis através de PLRs, vales mercados e abonos. Isso pode, a médio e curto prazo, afugentar a qualidade da mão de obra do estado e, consequentemente, as empresas que precisam dessa mão de obra”, diz complementando que a média salarial paga no Paraná é a menor dos estados do sul. "Apesar da nossa remuneração variável ser a maior, ainda temos a menor média salarial dos estados do sul. Essa diferença cresce ainda mais em relação aos salários pagos em São Paulo". Segundo Butka, a diferença salarial entre o estado paulista e o paranaense fica entre 30 e 40%.

 Segundo Sandro Silva, economista do Dieese, as empresas preferem remunerar em forma de PLR porque não tem que arcar com encargos trabalhistas com esse tipo de pagamento. "Essa é uma forma que as empresas encontraram de pagar menos encargos e dividir qualquer prejuízo com o trabalhador. Por exemplo, se ela tiver um ano abaixo das expectativas, poder ficar sem pagar esses variáveis, já que por lei, eles não são previstos nem obrigatórios, diferentemente, do salário fixo", diz Sandro.

Desgaste

Ainda segundo o presidente do SMC, as remuneração variável gera riscos e desgastes tanto para os trabalhadores quanto para as empresas. “Sem um salário decente, o trabalhador tem duas opções para complementar sua renda: Ou ele passa a cada vez mais fazer horas extras, o que é um risco para a sua saúde; ou tem que apostar na busca por essa remuneração variável, que só são conseguidas através de greves e paralisações, o que é um desgaste já que todo ano somos obrigados a negociar PLRs, abonos e vales mercados. O trabalhador não quer ficar fazendo greve”, diz Sérgio, complementando: Precisamos no Paraná de uma política de empregos de qualidade. Essa política de pagar pouco desestimula o trabalhador e faz com que a gente tenha cada vez mais que  lutar para aumentar a remuneração variável. Isso é desgastante porque isso faz com o trabalhador tenha que buscar através de greve  um complemento a sua remuneração”.

Falta de contrapartida das empresas

Para o presidente do SMC, falta cobrar mais contrapartidas das empresas que se instalaram no estado. “As empresas vem para cá, ganham incentivos fiscais e tributários do governo, mas não dão nenhuma contrapartida em troca. A política delas é somente de explorar a mão de obra o máximo que puder e depois descartar. Oferecem salários baixos, querem explorar principalmente os jovens que estão entrando no mercado de trabalho”, diz Sérgio.

Para Butka,  é necessário que tanto o governo como as entidades patronais modernizem seu olhar sobre a política salarial no Paraná. Isso fará com que o estado possa ter mais mão de obra de qualidade, o que vai possibilitar a vinda de mais empresas que agreguem conhecimento e tecnologia ao estado. “O que precisamos é de uma política de atração de mão de obra qualificada para o estado. Isso vai atrair novas empresas que vão agregar essa  mão de obra. Hoje o mundo vive de empregos qualificados, que agregam tecnologia e conhecimento. Precisamos urgentemente criar uma política diferente com as empresas no Paraná para que a gente possa dar  uma garantia profissional e  qualidade de vida mais saudável aos trabalhadores”, completa.

PLRs injetarão R$ 425,7 milhões
Somente os acordos de PLR injetarão R$ 425,7 milhões na economia até 2014, o que representa em média o valor de R$ 14.843,43. As primeiras parcelas da maioria das empresas onde os acordos foram fechados já foram pagas aos trabalhadores entre os meses de maio e julho. As segundas parcelas serão pagas, segundo as metas,  entre os meses de dezembro deste ano e fevereiro de 2014.

O destaque das negociações de PLR deste ano novamente ficou com os trabalhadores da montadora Volvo, que conquistaram pelo segundo ano consecutivo o maior acordo de PLR do Brasil no setor privado: R$ 30 mil. A primeira  parcela de R$ 19 mil para cada trabalhador já foi paga no final de maio.

Outro destaque desse ano foi o acordo fechado na Aker Solutions. Os metalúrgicos conquistaram uma PLR de R$ 16.500, com a primeira parcela de R$ 10 mil já paga agora em julho.

Abono e vale mercado
Já o abono salarial e o vale mercado, dois itens da Data Base dos metalúrgicos, injetarão respectivamente na economia R$ 85,5 milhões (média de R$ 2.980,77) e R$ 62,7 milhões (média de R$ 3.441,50)
 
O abono salarial será pago na maioria das empresas, entre os meses de setembro e dezembro. Já o vale mercado irá beneficiar 18.210 trabalhadores que recebem mensalmente este beneficio ao longo do ano.

3,5% de aumento real

    Não estão inclusos ainda nesses valores um dado importante da negociação da Data base dos metalúrgicos, mas que também fazem diferença no salário do trabalhador. A conquista de 3,5% de aumento real mais o INPC (inflação dos últimos 12 meses). Excetuando a Volkswagen, que fechou o acordo deste  ano em setembro de 2012 com aumento real de 2,8% mais o INPC, todas as outras empresas fecharam as negociações com aumento real de 3,5% mais a inflação do período.

Confira ranking dos 15 maiores acordos da categoria em 2013   

1)Volvo
N° de trabalhadores: 4.200
Produtos: ônibus e caminhões
PLR: R$ 30 mil
1º parcela : R$ 19 mil (já paga em maio)
Vale mercado: R$ 350 (x 12 meses: R$ 4.200)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 34.200

2)Renault
N° de trabalhadores: 6 mil
Produtos: automoveis
PLR: R$ 18 mil
1º parcela : R$ 9 mil (já paga em maio)
Abono salarial: R$ 6.050
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 24.050
Obs: acordo fechado em agosto de 2011

3) Aker Solutions

N° de trabalhadores: 800
Produtos: equipamentos e tecnologia para indústria petrolíferas e de mineração
PLR: R$ 16.500
1º parcela : R$ 10 mil (já paga em julho) + R$ 5 mil garantido para fevereiro de 2014 ficando para as metas R$ 1.500
Vale mercado: R$ 240 em julho até janeiro quando sobe para R$ 300 (x 12 meses: R$ 3.240)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 19.740

4) Brafer
N° de trabalhadores: 900
Produtos: Estruturas metálicas para industrias com Petrobrás e CSN
PLR: R$ 7.500
1º parcela : R$ 5 mil (já paga em junho)
Abono salarial: R$ 6 mil
Vale mercado: R$ 350 (x 12 meses: R$ 4.200)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.700

5) Magna Cosma
N° de trabalhadores: 380
Produtos: auto peças
PLR: R$ 9 mil
1º parcela : R$ 6 mil (já paga em maio)
Abono salarial: R$ 4.350
Vale mercado: R$ 300(x 12 meses: R$ 3.600) + mais um extra de R$ 650
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.600

6) Aethra

N° de trabalhadores: 960
Produtos: Autopeças
PLR: R$ 9 mil
1º parcela: R$  6 mil (já paga em maio)
Abono salarial: R$ 4.350
Vale mercado: R$ 330 (x 12 meses: R$ 3.960)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.314

7) Cabs
N° de trabalhadores: 80
Produtos: Cabines para colheitadeiras
PLR: R$ 9.600
1º parcela : R$ 6 mil (pagamento em julho)
Abono salarial: R$ 4.200
Vale mercado: R$ 270 (x 12 meses: R$ 3.240) + um extra de 270
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.310

8) Nítida
N° de trabalhadores: 10
Produtos: peças para a Cabs
PLR: R$ 9.600
1º parcela : R$ 6 mil (pagamento em julho)
Abono salarial: R$ 4.200
Vale mercado: R$ 270 (x 12 meses: R$ 3.240) + um extra de 270
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.310

9) CNH
N° de trabalhadores: 2.000
Produtos: colheitadeiras e tratores
PLR: R$ 14.000
1º parcela : R$ 9 mil (pagamento em junho)
Vale mercado: R$ 250(x 12 meses: R$ 3 mil) + um extra de 250
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17.250

10) AAM do Brasil
N° de trabalhadores: 1.250
Produtos: peças para o setor automotivo
PLR: R$ 8.400
1º parcela : R$ 6 mil (pagamento em setembro)
Abono salarial: R$  5 mil
Vale mercado: R$ 300 (x 12 meses: R$ 3.600)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 17 mil

11) Volkswagen
N° de trabalhadores: 3.600
Produtos: Automóveis
PLR: R$ 13.625
1º parcela : R$ 6.500 (pagamento em maio)
Abono salarial: R$ 2.800
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 16.425
Obs: acordo fechado em setembro de 2012

12) Faurecia

N° de trabalhadores: 750
Produtos: bancos para automóveis
PLR: R$ 8.580
1º parcela : R$ 5.500 (pagamento em maio)
Abono salarial: R$ 4.350
Vale mercado: R$ 264 (x 12 meses: R$ 3.168)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 16.098

13) Jtekt
N° de trabalhadores: 400
Produtos: autopeças
PLR: R$ 8.580
1º parcela : R$ 5 mil (pagamento em maio)
Abono salarial: R$ 4.350
Vale mercado: R$ 250 (x 12 meses: R$ 3 mil)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 15.930

14) WHB
N° de trabalhadores: 1.800
Produtos: peças automotivas e rodoviárias
PLR: R$ 12 mil
1º parcela : R$ 6 mil (pagamento em junho)
Abono salarial: R$ 1 mil
Vale mercado: R$ 240 (x 12 meses: R$ 2.880)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 15.880

15) Peguform
N° de trabalhadores: 700
Produtos: para-choques para as montadoras
PLR: R$ 8.580
1º parcela : R$ 4.800 (pagamento em maio)
Abono salarial: R$ 4.350
Vale mercado: R$ 218,07 (x 12 meses: R$ 2.616)
Total geral de ganho por trabalhador:  R$ 15.546,84

 

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