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Crescem os protestos contra o aumento dos juros no País

Após o ato da CMS (Coordenação dos Movimentos Sociais), realizado em Brasília em junho, cresce a adesão da campanha por “menos juros e mais desenvolvimento”. Entre terça (22) e quarta-feira (23), seis capitais protestaram em frente às sedes do Banco Central (BC). Apenas em São Paulo, 400 pessoas participaram da manifestação. Em Porto Alegre, foram 500. Segundo lideranças, a tendência é que os protestos se tornem tradição em todas as reuniões do Copom (Comitê de Política Monetária).

“Esta campanha vai continuar e, se for preciso, faremos uma marcha à Brasília para exigir a saída de Henrique Meirelles da presidência do BC e a redução dos juros”, afirmou o presidente da CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), Wagner Gomes, durante o protesto, desta quarta-feira (23), em frente ao BC paulistano.

São Paulo, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Salvador, Recife e Fortaleza foram palcos dos protestos realizados entre esta terça e quarta. Além da redução dos juros e do afastamento do presidente do BC, mudanças na política econômica e mais participação da sociedade nas decisões do Copom foram as principais reivindicações das manifestações.

Segundo as entidades, o argumento de que é necessário elevar os juros para manter a inflação dentro da meta estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional) reduz o crescimento da economia e da geração de empregos, beneficiando apenas a especulação. “O Brasil continua sendo o paraíso dos banqueiros”, disse João Batista Lemos, secretário de relações internacionais da CTB na abertura do ato na Avenida Paulista.

Segundo as lideranças, a melhor maneira de reduzir os níveis da inflação seria o investimento no setor produtivo. “Tivemos um aumento de 34% na geração de empregos em função da redução de juros. Juros altos entram em contradição com essa tendência. O problema é que tem tucano empilhado no BC. O Meirelles é banqueiro e vem investindo na especulação em oposição à produção. Por isso, dizemos: fora Meirelles”, explicou Aparecido Dias Morais, da CGTB (Central Geral dos Trabalhadores do Brasil).

Salário e emprego

Preocupada com os resultados das campanhas salariais dos trabalhadores neste segundo semestre, a Força Sindical também não poupou críticas à política econômica. “Nas campanhas salariais, o argumento de que aumentos causam inflação vai aparecer. Os juros elevados destroem empregos e afetam os salários”, afirmou João Carlos Gonçalves (Juruna), secretário-geral da Força.

“Já há algum tempo a central promove uma campanha por pleno emprego, inclusive encaminhamos um Projeto de Lei de iniciativa popular sobre o tema ao Congresso Nacional. Agora, só com taxas razoáveis de juros é que essa proposta poderá de fato se tornar uma realidade. Para gerar empregos é preciso reduzir os juros”, disse Luís Gonçalves (Luisinho), da NCST (Nova Central Sindical dos Trabalhadores).

Motivos não faltam para que centrais percam o sono com a alta dos juros. Segundo os números divulgados neste ano pelo Tesouro Nacional, somente de janeiro a abril, o governo deixou de investir R$ 48 bilhões para o pagamento de juros da dívida pública – o equivalente a 5,3% do Produto Interno Bruto (PIB). Esse dinheiro poderia ser investido em benefício da população.

''A atual política impede o desenvolvimento e simboliza o que reside da herança neoliberal. Com uma mudança de orientação seria possível gerar mais recursos para o Estado, abrindo a possibilidade de mais investimentos nas universidades públicas e desenvolvimento de pesquisa e extensão com maior autonomia e menos interferência do mercado'', defendeu no ato desta terça-feira (22), em Porto Alegre, vice-presidente da UNE no estado, Mateus Fiorentini (Xuxa).

Menos renda, mais desemprego e violência

Com a alta dos juros e a inflação tudo está mais caro. Diminuem a geração de empregos e o poder de compra do trabalhador também cai. “Os trabalhadores não vão, mais uma vez, ‘pagar o pato’ do combate à inflação pela via do aumento da taxa de juros”, diz nota assinada pelo cinco centrais e distribuída nos atos nas capitais.

Se para os trabalhadores o cenário dos altos juros é pessimista, para a juventude ele é assustador. “Com a redução dos juros pode haver investimentos no setor produtivo agrícola, reduzindo o preço da comida, que hoje está um absurdo. A juventude já tem dificuldades para conseguir o primeiro emprego, com os juros altos há menos emprego ainda. Mais miséria só gera violência”, defendeu Mano Oráculo, presidente do Nação Hip Hop Brasil de São Paulo.

Oráculo informou que a entidade está desenvolvendo, em parceira com a Secretaria de Justiça do estado, a campanha “Educação ou Camburão” em cerca de 30 cidades paulistas. Para ele, “o debate da violência tem tudo há ver com o debate sobre a economia. Sem investimentos a população marginalizada aumenta e com ela a sedução ao mundo do crime”.

Unidade e próximos passos

Durante as manifestações, as lideranças comemoraram o aumento da adesão à campanha “menos juros, mais desenvolvimento” da CMS. A unidades das cinco centrais – CTB, Força Sindical, NCST, UGT (União Geral dos Trabalhadores) e CGTB – em torno da campanha também foi festejada.

“A unidade de ação em prol da luta do povo e contra os lucros dos banqueiros merece parabéns. Não vamos dar sossego ao BC e ao Meirelles enquanto esta política de juros altos não mudar. O combate à inflação não pode ocorrer com os trabalhadores pagando a conta. Vamos dar o troco”, enfatizou Canindé Pegado, secretário geral da UGT.

Além das centrais e da Nação Hip Hop Brasil, UNE, Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas), Conam (Confederação Nacional dos Trabalhadores), entre outras entidades, também participaram dos protestos nos estados.  

Apenas a CUT, que participou da manifestação realizada em junho, não compareceu às mobilizações desta semana.  “Não sabemos por quais motivos a CUT não engrossou a manifestação, mas tenho certeza de que na próxima ela estará presente”, afirmou Juruna da Força.

No final do dia, apesar da gritaria, a reunião do Copom anunciou mais um aumento dos juros, porém, a elevação surpreendeu até o mercado financeiro. A taxa Selic (taxa básica de juros) subiu para 13% ao ano – um aumento de 0,75 p.p. (ponto percentual) com relação à taxa até então vigente (de 12,25%). A elevação foi a mais alta desde fevereiro de 2003 (quando passou de 25,5% para 26,5%).

Fonte: Vermelho

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