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Para Abin, Dantas fez grampo ilegal

Em quatro horas de depoimento ontem à CPI dos Grampos da Câmara, o diretor-geral da Agência Nacional de Inteligência (Abin), delegado Paulo Lacerda, afirmou que a agência participou das investigações da Operação Satiagraha, desencadeada no mês passado pela Polícia Federal. Mas destacou que a participação foi legal e negou com veemência que a Abin faça "monitoramento telefônico". Lacerda acusou o banqueiro Daniel Dantas, dono do Opportunity, um dos presos pela operação, de fazer escutas telefônicas ilegais, o que ele nega.

Ele admitiu que Gilberto Carvalho - chefe de gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva - telefonou para o secretário-executivo do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general João Roberto de Oliveira, para saber sobre um agente do governo que, no Rio, no início deste ano, acabou interpelado pela polícia por seguir Humberto Braz, braço direito de Dantas e também preso na operação.

O general ligou, então, para o diretor-adjunto da Abin, José Milton Campana, que informou que o agente fazia "acompanhamento de alvo estrangeiro em situação irregular". "Essa foi a informação dada para o Gilberto Carvalho. Na verdade é o que chamamos de história de cobertura", disse Lacerda.

O alvo do diretor da Abin foi mesmo Dantas. "As investigações o apontam como envolvido nessas práticas (escutas)", afirmou Lacerda, que pediu para ir à CPI para rebater as declarações do banqueiro. Na semana passada, em depoimento à comissão, Dantas acusou Lacerda de ter direcionado as investigações da operação contra ele. Segundo o banqueiro, a Satiagraha seria uma represália do diretor-geral da Abin à reportagem da revista Veja sobre contas irregulares que o delegado teria no exterior.

Lacerda era diretor da PF em 2004, quando começaram as investigações que culminaram com a Operação Satiagraha. "As afirmações do Daniel Dantas são normais, fazem parte da técnica dele de desqualificar as autoridades. Enquanto ele estiver falando sobre o delegado, a Abin passa ao largo as questões que motivaram toda a investigação", disse Lacerda. "Ele tem advogados brilhantes."

No depoimento à CPI, prorrogada até o início de dezembro, Lacerda afirmou que a participação da Abin e de outras agências governamentais em investigações policiais é normal. Negou, no entanto, que tivesse conhecimento passo a passo das investigações da Satiagraha. "Não houve isso. É absolutamente leviano dizer isso."

O delegado explicou que, no caso da Satiagraha, a Abin ajudou de quatro formas: na consulta à base de dados cadastrais de pessoas físicas e jurídicas, fazendo pesquisas na internet e na mídia impressa sobre os nomes investigados pela Polícia Federal, analisando o material pesquisado e confirmando os endereços residenciais e de trabalho de pessoas investigadas.

"A Abin não realizou atividades para as quais não possua respaldo na legislação em vigor, sendo absurdas as afirmativas de que a agência tenha executado serviços de monitoramento de comunicações de qualquer natureza, em locais públicos ou privados", disse. Segundo ele, não há documento da PF solicitando a participação da agência na Operação Satiagraha. "Mas nada foi feito escondido."

O diretor da Abin fez um desabafo contra a imprensa e, em particular, a Veja. Lacerda se disse "perplexo" com a acusação feita pela revista de que teria contas no exterior. Afirmou ainda estar "indignado" com o fato de a revista apontar a Abin como responsável por grampos telefônicos no Supremo Tribunal Federal e no Planalto. "Aproveito para manifestar a minha repulsa e indignação ao conteúdo da matéria que não tem o menor compromisso com a verdade", disse. A Veja não quis se manifestar sobre o assunto.

Fonte: Estadão

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