As remessas feitas por empresas multinacionais instaladas no Brasil totalizaram US$ 24,064 bilhões no acumulado do ano, segundo dados divulgados nesta terça-feira, 23, pelo Banco Central (BC). Somente em agosto, a saída de lucros e dividendos somou US$ 1,933 bilhão. No mesmo mês do ano passado, essa conta era de US$ 1,386 bilhão e nos oito primeiros meses de 2007, US$ 13,297 bilhões - quase metade do valor registrado em 2008. Devido à crise financeira, empresas tiveram que remeter os lucros e dividendos para o exterior para cobrir eventuais perdas.

Segundo chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, afirmou que, na segunda metade de setembro, por conta do agravamento da crise externa, houve uma aceleração das remessas de lucros e dividendos, inclusive com a participação de outros grupos, embora não tenha dado detalhes sobre isso. Com essa aceleração, o ele prevê déficit em conta corrente de US$ 1,7 bilhão para setembro.

No mesmo relatório, o BC elevou a projeção para a saída de lucros no acumulado de 2008. Conforme a projeção da autoridade monetária, a remessa deve somar US$ 33 bilhões no ano, contra expectativa anterior de US$ 29 bilhões. O BC divulgou ainda pela primeira vez a previsão de saída em 2009, que deve ficar em US$ 30 bilhões.

A conta corrente do balanço de pagamentos, que apresenta o saldo de todas as transações do País com o exterior, registrou déficit de US$ 1,090 bilhão em agosto. O resultado do mês passado foi gerado pela contribuição positiva de US$ 2,269 bilhões da balança comercial, contribuição negativa de US$ 3,650 bilhões da conta de serviços e rendas e contribuição positiva de transferências unilaterais para o Brasil, de US$ 291 milhões.

Altamir Lopes afirmou que o déficit de US$ 1,090 bilhão em agosto veio dentro do previsto e reflete uma acomodação mais forte das remessas de lucros e dividendos. Altamir destacou ainda o fato de que o déficit ficou abaixo do patamar de US$ 2 bilhões que vinha sendo observado, o que para ele era positivo.

No acumulado do ano até o mês passado, a conta corrente acumula déficit de US$ 20,602 bilhões. Nos últimos 12 meses encerrados em agosto, o déficit soma US$ 21,934 bilhões, o equivalente a 1,45% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em relatório, o BC informou que a projeção para o déficit em conta corrente em 2008 subiu para US$ 28,8 bilhões, de US$ 21 bilhões. Já a projeção para o superávit da balança comercial brasileira em 2008 foi mantida em US$ 25 bilhões. Porém, o saldo da balança comercial em 2009 deve ficar positivo em US$ 17 bilhões.

Na conta de juros, a despesa brasileira com o exterior somou US$ 387 milhões em agosto e US$ 5,032 bilhões no acumulado do ano. Em agosto do ano passado, esses pagamentos totalizaram US$ 199 milhões e US$ 5,843 bilhões no acumulado dos oito primeiros meses do ano. No relatório do BC, a projeção para esse pagamento aumentou de US$ 4,9 bilhões para US$ 7,3 bilhões em 2008. Para 2009, a primeira previsão para essa despesa ficou em US$ 6,7 bilhões.

IED

Os investimentos estrangeiros diretos (IED) no Brasil somaram em agosto US$ 4,633 bilhões, segundo o BC. Até agosto, o IED soma US$ 24,575 bilhões no acumulado do ano e US$ 32,716 bilhões nos últimos 12 meses, o que representa 2,17% do Produto Interno Bruto (PIB).

Em relatório, o BC informou que manteve a previsão de ingresso de capital externo no país em 2008, em US$ 35 bilhões. Para 2009, o BC projetou, pela primeira vez, a entrada de US$ 33 bilhões.

Segundo o chefe do Departamento Econômico do Banco Central, Altamir Lopes, ingressaram US$ 5,250 bilhões em Investimentos Estrangeiros Diretos em setembro até esta terça. Ele prevê que o mês fechará com um saldo positivo de US$ 5,8 bilhões e afirmou que o ritmo de IED é um ponto bastante importante das contas externas.

Ele lembrou que em agosto os ingressos de US$ 4,633 bilhões foram os mais elevados desde agosto de 2004 e superam em mais de quatro vezes o déficit em conta corrente naquele mês.

Fonte: Estadão