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O ensino ideal e a escola da vida

O Brasil tem 81% dos jovens brasileiros entre 15 e 17 anos na escola, mas apenas 44% deles estão no ensino médio – ou seja, freqüentam a série correspondente à idade. O restante está no ensino fundamental. No Paraná, a situação é um pouco melhor, porém está longe do ideal: 56,48% dos adolescentes estão matriculados no médio e 30,26% – com idade superior a 14 anos – estão no fundamental.

Os 30,26% correspondem a 172,8 mil jovens que estudam em séries atrasadas, isso porque reprovaram ou desistiram da escola durante uma época da vida. Exemplos não faltam. Na Escola Estadual Nirlei Medeiros, no Rio Bonito, Tatuquara, há uma turma da sétima série do fundamental que foi criada especialmente para atender esse público.

Ivoney, Lucas e Renato têm, respectivamente, 17, 17 e 16 anos – eles deveriam estar na reta final para concluir o ensino médio, mas patinam no fundamental. Wesley, de 14 anos, está na mesma turma, reprovou na sexta série e entrou para as estatísticas dos jovens que demoram para concluir os estudos. As explicações para o atraso são diversas, mas acabam sempre sendo insuficientes para justificar o abandono da sala de aula. Ora é a família que, ao invés de ajudar, complica. Ora é o trabalho que está em primeiro plano. E também existe o desinteresse: o que se aprende no quadro-negro não vale para a vida.

No artigo “Desencontros do Ensino Médio”, o professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Claudio de Moura Castro diz que o médio deveria arredondar a formação do fundamental, mas não sabe como fazer isso. “Esse ciclo precisa dar ao aluno uma cultura mínima nas ciências e nas humanidades. Precisa ensinar a ler e escrever, de preferência em mais de uma língua. Precisa fixar valores. É neste nível que se aperfeiçoam o espírito de cidadania e a identidade cultural.”

O médio, entretanto, virou generalista, um ensino voltado apenas ao vestibular. “O problema é que a maioria, 62% dos jovens, não segue para o ensino superior. O que representa que muitos vão deixar de ter interesse por esta etapa de ensino”, afirma o diretor de Concepções e Orientações Curriculares da Educação Básica do Ministério da Educação (MEC), Carlos Artextes Simões. Só no ano passado, 11% dos matriculados no ensino médio no Paraná abandonaram a sala de aula, o equivalente a 43,4 mil alunos. “Se tivesse um bom trabalho, com bom salário, dificilmente continuaria estudando”, confirma Lucas Gonçalves dos Santos, 17 anos, atualmente cursando a sétima série.

“O jovem brasileiro é essencialmente trabalhador. Dos 34 milhões adolescentes, entre 15 e 24 anos, 18 milhões trabalham”, afirma Santos. O último levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostra que existem 3 milhões de jovens, entre 15 e 17 anos, exercendo alguma atividade profissional. Isto quer dizer que nem sempre os estudos estão em primeiro lugar. “O ideal seria que eles não trabalhassem, apenas tivessem uma ocupação. Um estágio, por exemplo. Estes dados mostram que a proposta do ensino deve desenvolver a vocação destas pessoas. Elas precisam ser educadas para serem úteis”, explica a diretora de administração escolar da Secretaria de Estado de Educação do Paraná (Seed), Ana Lúcia de Albuquerque. Não por acaso, de 2006 para 2007 aumentou a procura por ensinos profissionalizantes e diminuiu o número de matrículas no ensino médio regular (veja dados nesta página).

Resta saber o que falta para que o ensino médio seja atraente e funcional. Carlos Artextes Simões, do MEC, defende que esta etapa de ensino deve capacitar o ser humano para interferir no mundo em que vive. “O trabalho não pode jamais deixar de ser referência em todo e qualquer ensino médio. Quando o trabalho é referência nos estudos, acaba garantindo a todos um ensino de qualidade. Precisa ser indispensável”, comenta. Para chegar a este nível de ensino, entretanto, é preciso começar pela capacitação dos professores.

Ana Lúcia, da Seed, diz acreditar que, além de deixar o médio mais atraente, é preciso limitar o acesso à Educação de Jovens e Adultos (EJA) no Brasil. O Paraná ganhou uma ação, no início deste ano, em que a idade admitida para a EJA não pode ser menor do que 18 anos. “O jovem quer se livrar logo do ensino médio para trabalhar, por isso decide fazer a EJA em um prazo menor. Só que ele não dá conta e, no ano seguinte, volta ao ensino médio regular atrasado em pelo menos um ano”, explica Ana Lúcia. Outra iniciativa do Paraná foi criar turmas do médio no diurno – manhã ou tarde. “O aluno do diurno reprova menos, é mais controlado pela família. Na área rural, por exemplo, percebemos que o jovem ajuda os pais na lavoura somente pela manhã. Por isso, pode estudar à tarde. Muitos deixavam de freqüentar a aula porque só tinham a opção de ensino noturno.”

Fonte: Gazeta Online

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