Gastos públicos na internet: prazo para sanção presidencial de projeto vence amanhã
A sanção para o projeto de lei complementar que obriga governos federal, estaduais e municipais a disponibilizar informações sobre receitas e despesas na internet deverá ocorrer até amanhã. A proposta foi aprovada pelo Congresso Federal no último dia 5 e o prazo para que o presidente Lula sancione o texto se encerra nesta quarta-feira. Uma das maiores novidades do novo projeto, segundo o texto, é que as informações orçamentárias e financeiras dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) serão divulgadas em tempo real e incluirão dados estaduais e municipais.
O objetivo da proposta é fazer com que o cidadão comum, além da imprensa e da sociedade civil organizada, fiscalize o uso do dinheiro público por meio da internet em qualquer lugar do país. Os gestores administrativos terão de disponibilizar todos os procedimentos, sejam contratos, convênios, empenhos ou pagamentos, e dados relativos ao lançamento e ao recebimento das receitas dos governos, inclusive de recursos extraordinários.
Além de disponibilizar os gastos públicos, a lei prevê o incentivo à participação popular com a realização de audiências públicas durante os processos de elaboração e discussão dos planos orçamentários. Qualquer cidadão, partido político, associação ou sindicato poderá denunciar aos tribunais de contas e ministérios públicos o descumprimento das prescrições estabelecidas.
De acordo com o texto do Projeto de Lei Complementar 217/04, estados e municípios que não disponibilizarem as informações dentro do prazo estabelecido terão suspensas as transferências voluntárias realizadas pela União. O período de adaptação varia de um a quatro anos. União, estados e municípios com mais de 100 mil habitantes terão um ano para adaptação; entre 50 e 100 mil habitantes dois anos; e abaixo de 50 mil, os municípios terão quatro anos.
Hoje, alguns órgãos públicos já reproduzem as despesas da União na internet. O Portal da Transparência da Controladoria-Geral da União (CGU), por exemplo, abriga informações sobre os gastos do Poder Executivo. O Senado e a Câmara também possuem bancos de informações, o Siga Brasil e o Orçamento Brasil, que são mais abrangentes e reúnem dados consolidados dos Três Poderes. No entanto, as informações não são atualizadas diariamente, não incluem orçamentos estaduais e municipais e, alguns, demandam conhecimento especializado para navegação.
Todos esses portais são de acesso público e reproduzem informações do Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), que reúne receitas e despesas da União e têm acesso restrito a parlamentares, membros do Tribunal de Contas da União e do Ministério Público.
O Contas Abertas entrou em contato com a Casa Civil para saber se o projeto será sancionado pelo presidente Lula até amanhã, na íntegra ou com vetos. A assessoria de imprensa informou que por enquanto “não dá para afirmar nada”, pois o texto está sendo analisado pelo departamento jurídico.
Fonte: Contas Abertas