Governo planeja reduzir custo para investimentos no setor produtivo
O governo federal planeja reduzir o custo para que empresas possam realizar investimentos, o que deverá passar por medidas de ajuda a fabricantes de bens de capital (máquinas e equipamentos), informaram o presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, e o ministro da Fazenda, Guido Mantega.
Segundo Coutinho, as medidas não foram definidas ainda, sendo alvo de reuniões envolvendo o próprio BNDES e os ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento. "Depois disso, levaremos ao presidente Lula para a definição", disse o presidente do banco federal de fomento em evento em São Paulo.
O principal setor a ser beneficiado por essa redução do custo para realizar investimentos é o de bens de capital. "Como é um setor estratégico, devemos proteger", apontou Coutinho. "Trata-se do primeiro setor a cair na crise e o último a se recuperar."
O benefício, porém, não seria permanente --ficaria em vigor até que as empresas se vejam necessitadas a investir. Para Coutinho, isso ocorrerá a partir do quarto trimestre deste ano, quando o uso médio da capacidade instalada da indústria local ficar entre 80% e 81%. "Estamos hoje em aproximadamente 87%", disse.
O presidente do BNDES ainda informou que a FBCF (Formação Bruta de Capital Fixo) --meio pelo qual o investimento é medido dentro do cálculo do PIB (Produto Interno Bruto)-- deve fechar o ano em cerca de 19% do PIB, "ajudando a buscar o objetivo de chegar mais para a frente nos 21%."
Mantega também deu sinais de que o governo fará essa redução, mas também não quis dizer como. "Não podemos falar isso agora", disse. Porém, citou a desoneração tributária e a redução do custo de financiamento como possíveis meios para ajudar a alavancar os investimentos.
IPI
Questionado sobre a possibilidade de prorrogação por mais três meses da desoneração do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) sobre automóveis e eletrodomésticos da "linha branca" (fogões, geladeiras e máquinas de lavar), Mantega disse que "há muito tempo" para uma decisão. "Ainda temos duas semanas para as pessoas irem comprar os produtos", disse.
Na visão do ministro, o incentivo funcionou "muito bem", principalmente a sobre o setor automotivo, que no acumulado do ano até maio já tem uma produção maior do que a do mesmo período do ano passado.
O principal ponto de preocupação sobre a manutenção da redução do IPI é sobre as contas do governo, já que a arrecadação tributária está em queda. Mas Mantega disse não ver esse problema como o maior impeditivo para uma nova prorrogação.
"A queda [na arrecadação] era esperada, mas caiu mais do que o esperado nos últimos dois meses", disse Mantega, levantando inclusive a possibilidade de reduzir o superávit primário para equacionar as contas. "Se necessário for, faremos novas reduções nos gastos."
Fonte: Folha Online