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Corte de IPI ajuda matriz de montadoras

As remessas de lucros das montadoras no Brasil explodiram desde o agravamento da crise global, a partir de setembro. Enquanto as vendas no hemisfério Norte despencaram, no Brasil o setor manteve desempenho vigoroso, ajudado pela redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados). Assim, parte do estímulo fiscal do governo ao setor acabou sendo repassada ao caixa das matrizes das montadoras.

Líderes no envio de remessa de lucros e dividendos, segundo dados do Banco Central, as montadoras instaladas no Brasil destinaram US$ 2,850 bilhões às suas matrizes de setembro até o fim de 2008, mesmo com o câmbio desfavorável para essa operação.

Com a redução do IPI, iniciada em dezembro do ano passado e prorrogada até setembro, o governo estima já ter deixado de arrecadar entre R$ 1,3 bilhão e R$ 2,5 bilhões. Para André Sacconato, analista da Tendências, independentemente do valor da renúncia, boa parte desses recursos já virou dividendo remetido ao exterior.

"É o que chamamos de exportação de política fiscal", diz Sacconato. "O governo acabou ajudando as matrizes dessas montadoras a fazer caixa. A teoria econômica condena totalmente esse tipo de prática porque isso significa transferência de renda."

Essa ajuda no fim do ano passado, momento mais agudo da crise no exterior, apertou o caixa das montadoras brasileiras -obrigadas por isso a mandarem menos divisas no primeiro semestre deste ano. Entre janeiro e junho, foram US$ 793 milhões, valor que só perde para o do setor financeiro, que também esteve no epicentro da crise e que mandou US$ 1,487 bilhão. Procurada pela Folha, a Anfavea, a associação que representa as montadoras, não quis comentar o assunto.

A hora certa

O envio de divisas é feito pela área de câmbio de bancos estrangeiros no Brasil. Essas instituições gerenciam o caixa das empresas, no Brasil e na matriz. Também levam em conta o momento ideal para converter reais em dólares.

No início de dezembro, o dólar chegou a R$ 2,536, cotação desfavorável às remessas porque reduziria o lucro auferido em reais. A volta do dólar para R$ 1,80 favorece novamente os envios. A expectativa é que o dólar baixe para R$ 1,75 até o fim deste ano, incentivando as remessas no segundo semestre.

Maria Eugenia Lopez, responsável por multinacionais pelo Santander, diz que o mercado de remessas está 40% acima de seu ritmo normal. "A crise foi muito mais forte em outros mercados e isso deu mais importância ao resultado das subsidiárias no Brasil", diz. "Cada vez mais a contribuição da subsidiária [envio de remessas] ganha destaque."

Pedro Lorenzini, diretor de tesouraria do Citibank, diz que a maioria das filiais de grande porte de multinacionais costuma fazer hedge [proteção] para ficarem imunes à variação cambial. Assim, elas conseguem cumprir o cronograma de remessas da matriz.

Boa parte dos envios ocorre no primeiro trimestre. Com a crise, porém, diversas empresas adiantaram a remessa para o final de 2008, mesmo com o câmbio desfavorável.

Isso ocorreu em diversos setores: petróleo e gás, telecomunicações, indústria química, comércio, papel e celulose, entre outros. No setor alimentício, as remessas cresceram 700%, saindo de US$ 125 milhões, em junho de 2008, para US$ 1 bilhão, em dezembro.

Fonte: Folha Online

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