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Professor de Cambridge defende Selic estável para impulsionar crescimento

O Brasil deve evitar a alta dos juros no momento em que o crescimento econômico se acelera, disse ontem o economista sul-coreano Ha-Joon Chang, professor da Universidade de Cambridge, no Reino Unido.

Para ele, seria uma "tolice o Brasil desperdiçar a oportunidade" de promover uma maior expansão da economia apertando a política monetária cedo demais.

"Este país ficou muito tempo obcecado com a inflação. Vocês estavam certos em se preocupar nos anos 90, mas hoje isso se tornou uma restrição à capacidade de crescimento", afirmou Chang, segundo quem "até um economista conservador como Robert Barro", da Universidade de Harvard, mostrou evidências de que uma taxa de inflação abaixo de 10% não faz diferença para o crescimento econômico.

"A Coreia do Sul foi um dos países que mais cresceram no mundo nos anos 60 e 70 com uma inflação média de 20%".

Seria um exagero o Banco Central brasileiro elevar os juros quando a inflação projetada para este ano está em 4,5%, avalia Chang, que participou ontem da abertura de um seminário para repensar a macroeconomia e a economia do desenvolvimento, promovido pela Escola de Economia de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV) em parceria com a Universidade de Cambridge, com apoio da Ordem dos Economistas do Brasil.

A expectativa da maior parte do mercado é de que a Selic subirá nos próximos meses - há quem espere uma alta já em março.

Para o sul-coreano, os analistas que defendem um aumento dos juros o fazem por ver "a economia brasileira do ponto de vista do mercado financeiro".

"Isso [o aumento dos juros] é bom para o mercado, mas será que é bom para o resto da economia?", perguntou Chang, conhecido por livros como "Chutando a escada", em que diz que os países ricos alcançaram o desenvolvimento por meio de políticas que hoje criticam, como o protecionismo.

"Pelo menos esperem outros países elevarem os juros, como EUA e Japão", recomendou ele. Chang destacou o fato de que o diferencial entre os juros dos países desenvolvidos e os vigentes no Brasil ajudam a sobrevalorizar o câmbio, um movimento prejudicial ao setor exportador.

O economista de Cambridge considera o câmbio apreciado um sério entrave ao desenvolvimento do país, apoiando medidas de controle de capitais, como a taxação de 2% do capital externo que entra na bolsa e em renda fixa, definida em outubro pelo governo brasileiro.

Para ele, outras ações podem ser adotadas, como a elevação da alíquota ou o estabelecimento de prazos mínimos para a permanência dos recursos no Brasil.

"Não sou favorável ao controle de capitais como os dos anos 60 e 70, mas o ponto é que o mercado financeiro brasileiro é muito menor do que o dos países desenvolvidos".

Para Chang, ter déficits em conta corrente superiores a 3% do Produto Interno Bruto (PIB) é um caminho perigoso, que o Brasil se prepara para trilhar neste ano. Para instituições como o J.P. Morgan, o rombo nas transações de bens, serviços e rendas com o exterior deve ficar em 3,2% do PIB, mais que o dobro do estimado para 2009, de 1,4% do PIB.

Segundo ele, um número de até 3% do PIB parece razoável, já que poucos países tiveram problemas com um déficit desse tamanho. "Mas acima desse nível pode ser um problema".

Também presente ao seminário, o ex-ministro Luiz Carlos Bresser Pereira criticou duramente a perspectiva de elevação do déficit em conta corrente.

Segundo ele, é um erro grave tentar crescer com poupança externa, que vai deixar o país altamente endividado. Para Bresser, acumular rombos crescentes nas transações externas não é sustentável.

"Com um déficit em conta corrente de 3,5% do PIB em 2010, o Brasil é candidato a ter uma crise em 2011″, afirmou Bresser, que também defendeu controles de capitais para atacar a valorização do câmbio.

O dólar barato é um grande obstáculo ao crescimento sustentado no país, segundo ele, que elogiou fartamente países asiáticos como a China, que não permitem a sobrevalorização da moeda e acumulam superávits em conta corrente.

Fonte: Valor Econômico

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