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Analistas independentes contestam necessidade de alta da taxa Selic

A necessidade de uma forte alta na Selic, a taxa básica de juros, é contestada por alguns especialistas sem laços com o mercado financeiro. "Eu não sairia aumentando a Selic em 2 ou 2,5 pontos porcentuais, porque não acho que essa pressão de preços seja generalizada", diz Ricardo Carneiro, economista do Centro de Estudos de Conjuntura e de Política Econômica da Unicamp.

Ele nota que os preços industriais estão comportados e itens que elevam os índices, como os ônibus em São Paulo e alguns alimentos, têm aumentos sazonais.

Por outro lado, Carneiro reconhece que há uma pressão altista localizada em setores de serviços como educação, saúde, ou mesmo serviços pessoais, como cabeleireiro, etc. Para o economista, "não há dúvida de que isso esteja associado à demanda".

Mas ele acrescenta que são segmentos com uma relação de clientela muito grande, que conseguem ter aumentos de margem sempre que a economia cresce.

"É um problema complicado, esses setores têm mais inércia, demoram um pouco mais a aumentar sua oferta; mas eu toleraria que o índice ultrapassasse o centro da meta, com uma política monetária acomodatícia e uma política de oferta, para dar tempo para que reagissem", explica.

Amir Khair, consultor e mestre em Finanças Públicas, também vê um componente sazonal, que não se perpetua, em aumentos de mensalidades escolares, alimentos e tarifas de ônibus. "O próprio mercado reconhece que, no início do ano, a inflação é sazonalmente mais elevada", ele diz.

Khair acrescenta que as previsões de inflação do mercado financeiro, nas quais se baseiam as expectativas inflacionárias monitoradas pelo Banco Central, são frequentemente erradas, mesmo para períodos curtos de até três meses.

Além disso, ele diz que o boletim Focus, uma coletânea de projeções compiladas semanalmente pelo BC, "capta majoritariamente as informações do mercado financeiro, e não do mercado como um todo".

Segundo o consultor, "o Banco Central responde muito ao que o mercado financeiro pensa e vice-versa, há uma espécie de ligação siamesa nessa história". Ele vê também algum interesse dos bancos em juros mais altos, em oposição aos representantes da economia real.

Khair nota ainda que o "hiato do produto", um conceito central para a política monetária tal como é praticada pelo BC e monitorada pelo mercado financeiro, "é uma tese muito complicada". Simplificadamente, o hiato do produto é a diferença entre o que a economia está produzindo e o máximo que consegue produzir sem provocar pressões inflacionárias.

"Quando se fala nisso", critica o consultor, "se esquece da quase infinita oferta internacional". Na sua visão, a crise internacional, e a consequente contração da demanda americana, europeia e americana, está levando a uma "aguçada disputa de mercados", com redução de preços.

"Essa turma está batendo na nossa porta e vai dificultar muito a vida de quem quiser remarcar preços aqui".

(Fonte: O Estado de S.Paulo)

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