O Brasil se prepara para um mercado de 6 milhões de veículos. A marca seria alcançada em 15 anos, afirmou nesta sexta-feira (10) o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Miguel Jorge.

De acordo com ele, as vendas de automóveis no Brasil aumentariam em 1,8 milhão de unidades somente com a redução da carga tributária de 27% para 16% e dos juros de 24% para 16%.

Neste ano, a indústria prevê uma comercialização de 3,4 milhões de veículos.

"Temos potencial para alcançar esse volume de vendas, pois, a relação carro por habitante aqui é de 1/6,9. Além disso, temos uma frota antiga, com cerca de 60% dos veículos com idade média de 10 anos, enquanto que no Japão é de um ano. Então, é um desafio para o crescimento do mercado brasileiro e assim ganharmos escala na produção", disse o ministro durante abertura do 20º Congresso Fenabrave.

O evento contou ainda com a presença dos presidentes das duas maiores montadoras do país, Fiat (Cledorvino Belini) e Volkswagen (Thomas Schmall).

Miguel Jorge, no entanto, não esclareceu se o governo já estuda medidas para a redução da carga tributária que incide sobre os veículos e nem se esse é um dos pontos do plano de governo da candidata do PT, Dilma Rousseff.

"O mercado brasileiro tem uma capacidade rápida de resposta quando há redução de impostos. Isso ficou evidenciado quando baixamos o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) para estimular o consumo no ano passado", ressaltou o ministro.

Aliás, o tema "ganho de escala" foi o mais esbravejado pelos participantes para diminuir o preço dos veículos vendidos no Brasil. Hoje, com toda a carga tributária que incide sobre os automóveis, o preço chega a ser o dobro dos carros vendidos na Índia.

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) e da Fiat, Cledorvino Belini, disse que o desafio para a indústria é o fortalecimento da produção para o Brasil se consolidar como um grande produtor mundial.

Hoje, o país está em sexto no ranking global com uma produção de 3,39 milhões de carros este ano.

"O futuro os oferece oportunidades, mas também desafios para aumentarmos os investimentos em capacidade de produção e no desenvolvimento de produtos competitivos. Assim, ganhamos escala e poderemos reduzir os custos no país. Nos últimos anos experimentamos crescimentos recordes de mercado e isso tem atraído a atenção de outros competidores que vêem o Brasil como uma oportunidade de negócios. Hoje, temos cerca de 500 modelos à disposição do consumidor brasileiro", disse Belini.

De 2003 a 2010, segundo o presidente da Anfavea, o mercado brasileiro cresceu 140% passando de 1,42 milhão de veículos para 3,4 milhão de unidades. "Temos que nos fortalecer como um grande produtor mundial, pois, somos um mercado respeitável e o potencial de expansão é amplo", ressaltou Belini.

Briga pela liderança

Além da busca pela escala de produção, outro tema discutido foi a questão das margens operacionais dos revendedores de veículos no Brasil.

O presidente da Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave), Sergio Reze, disse que os grupos de concessionárias no Brasil estão com os ganhos próximos a zero com a crescente busca por participação de algumas marcas no país.

"A busca por participação é legítima, mas morrer por ela é insano. Os descontos concedidos incidem sobre o preço real do carro e sobre os impostos e isso é uma ameaça rentabilidade do setor. Não há como praticarmos valores desse nível", disse Reze que tinha ao seu lado no palco, Thomas Schmall e Belini, as duas marcas líderes do mercado brasileiro e que travam todos os anos uma luta por ganhos de participação.

Fonte: Brasil Ecônomico