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Fiesp e centrais propõem câmara setorial ao governo

Fonte: Valor Econômico

A indústria paulista e líderes sindicais vão propor ao governo federal, nesta semana, a criação de uma câmara tripartite para negociações. Quem dá o tom da proposta, amarrada entre a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e sindicalistas, é Paulo Pereira da Silva, o Paulinho, presidente da Força Sindical: "A Fiesp e as centrais querem ajudar a Dilma, porque, se o país continuar neste ritmo, ela passará à história como a presidente que desindustrializou o país", disse ontem, na sede da Fiesp, durante lançamento do seminário que ocorrerá nesta quinta-feira, em São Paulo.

No seminário, industriais e sindicalistas apresentarão documento que, conforme antecipou o Valor na sexta-feira, elenca uma série de demandas consensuais, como redução dos juros cobrados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) nos empréstimos que concede às empresas, e a isenção do Imposto de Renda (IR) sobre o ganho auferido pelos trabalhadores por meio da Participação nos Lucros e Resultados (PLR). O documento será encaminhado à presidente Dilma Rousseff ainda nesta semana.

Em discussão desde janeiro, o estudo foi formulado por técnicos da Fiesp, das duas maiores centrais sindicais - Central Única dos Trabalhadores (CUT) e Força Sindical - e os dois dos maiores sindicatos do país - dos metalúrgicos de São Paulo e dos metalúrgicos do ABC, que ao todo representam cerca de 505 mil operários. O vice-presidente, Michel Temer, e o secretário-executivo do Ministério da Fazenda, Nelson Barbosa, confirmaram presença no evento.

Segundo Sergio Nobre, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, a ideia é recriar a câmara setorial do setor automotivo, que existiu entre 1992 e 1996. "Era uma situação difícil, como a de hoje. O país tinha acabado de abrir sua economia, e a única forma de a indústria não desaparecer frente aos importados foi a negociação com os sindicatos para o estabelecimento de metas, cujo cumprimento era beneficiado pela manutenção do emprego e aumento de bônus e salários. E o governo entrava com a desoneração de impostos, condicionada a ganhos de produtividade", afirmou Nobre.

Para Miguel Torres, presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, a indústria brasileira passa por um momento de "emergência", uma vez que a competição com importados já "superou todos os limites". O sindicalista citou as demissões realizadas pela Honda, em Campinas (SP), na semana passada, como "exemplo do patamar" da indústria. "A fábrica está demitindo porque o tsunami no Japão afetou o envio de componentes eletroeletrônicos para cá. Mas, se eles fossem produzidos aqui, não teríamos problemas. No Brasil, a indústria só monta", criticou.

A proposta de desoneração da folha de pagamentos feita pela Fiesp a Barbosa, da Fazenda, há duas semanas, será "reforçada" junto ao secretário na quinta-feira. A proposta não foi bem recebida por outros segmentos - a Fiesp sugeriu ao governo a isenção, apenas para a indústria, dos 20% recolhidos ao INSS na folha de pagamentos, sendo a receita "perdida" coberta pelo aumento de impostos a todos os demais setores da economia. A Confederação Nacional dos Serviços (CNS) caracterizou a proposta de "imoral".

De acordo com Paulo Skaf, presidente da Fiesp, o debate sobre a desoneração da folha deve dar prioridade à indústria, mas, oficialmente, "está aberto". "A indústria está sendo atacada de maneira predatória pelos importados, que chegam ao país barateados por essa taxa de câmbio terrível e nada mais natural, portanto, que tenhamos benefícios em troca, especialmente porque os maiores salários estão na indústria".

Entre os 17 sindicalistas, industriais, integrantes do governo e economistas (Amir Khair, especialista em finanças públicas, e Luiz Carlos Bresser-Pereira, ex-ministro da Fazenda) confirmados para o evento, não há representantes da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

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