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Dados econômicos mostram que economia continua em ritmo vigoroso

A criação de vagas de emprego com carteira assinada foi maior em junho deste ano do que no mesmo mês de 2010, quando a atividade era impulsionada pela política anticrise do governo federal.

Ao mesmo tempo, o rendimento obtido pelos trabalhadores, formais e informais, foi 4% maior na mesma comparação, descontada a inflação no período. Para especialistas em mercado de trabalho, no entanto, esse cenário pode estar próximo do fim, ainda que isso não signifique uma mudança drástica no ritmo de criação de vagas e aumento da renda.

O primeiro sintoma de que a resistência apresentada pelo mercado de trabalho no primeiro semestre pode perder força a partir deste mês é desempenho registrado pela indústria. Em junho, segundo o Ministério do Trabalho, a indústria criou apenas 22 mil vagas formais - metade do registrado no mesmo mês do ano passado.

Por outro lado, o rendimento dos operários, cujos sindicatos contam com maior organização e poder de barganha, ainda foi 6,6% maior, em termos reais, que no mesmo mês de 2010, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

"O caso da indústria é o desenho exato de como funciona o processo de desaceleração da economia", diz João Saboia, especialista em mercado de trabalho da UFRJ. Quando a economia começa a perder força, diz Saboia, os investimentos são os primeiros a ser cortados. Em seguida, o empresário corta a produção e para de contratar.

Finalmente, consolidada a perspectiva de que no curto e médio prazo o esfriamento da atividade continuará, o empresário demite. "Estamos muito longe desse cenário", diz Saboia, "e é bom lembrar que a indústria sofre uma competição com importados que outros setores, como serviços e comércio, não sofrem".

Ao anunciar a criação de 215 mil postos formais em junho, ontem, o ministro do Trabalho, Carlos Lupi, manteve a previsão de que o ano fechará com a criação de 3 milhões de vagas - foram 1,2 milhão criadas no primeiro semestre. A avaliação de Lupi é que os meses em que sazonalmente a geração de emprego é forte, entre agosto e outubro, devido à formação de estoques para as festas de fim de ano, sustentarão o ritmo do mercado de trabalho.

"O ministro pode até acertar, porque a indústria pode reagir a partir do mês que vem", diz Claudio Dedecca, economista do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit) da Unicamp, "mas uma desaceleração começará, inevitavelmente, neste segundo semestre". Segundo Dedecca, no entanto, seria preciso uma desaceleração brutal para derrubar o emprego e os salários imediatamente. "Estamos vivendo o processo natural", diz.

Segundo Helio Zylberstajn, professor da USP e presidente do Instituto Brasileiro de Relações de Emprego e Trabalho (Ibret), o resultado apontado pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) em junho, divulgado ontem, é o primeiro "a ligar o sinal amarelo".

Das 215,4 mil vagas formais criadas no mês, pouco mais de um terço foi gerado no setor de agropecuária, o que, para Zylberstajn, aponta nos dados de junho uma "dependência forte" de um resultado "altamente pontual".

A criação de vagas, que começará a desacelerar, segundo os analistas, neste segundo semestre, ainda não será acompanhada pelo desaquecimento da renda.

"Como a inflação veio fraca em junho, e continuará em baixa em julho e agosto, o cenário para as negociações salariais das principais categorias, em setembro, ficará mais facilitada", avalia Saboia, da UFRJ, que estima em cerca de um trimestre a defasagem entre o início de um movimento na atividade e o reflexo no emprego.

"O governo começou a apertar a economia via aumento de juros e corte de gastos, e foi a indústria que absorveu primeiro esse movimento, que deve chegar, em menor medida, nos serviços, que são muito sustentados pela renda em alta", afirma.

A elevação nos salários continuará vigorosa, ainda que comece a apresentar certa acomodação a partir do fim do ano. Os gargalos que alguns setores estão sofrendo devido à falta de mão de obra qualificada servem "como estímulo ao aumento do rendimento daqueles que tem qualificação para trabalhar", afirma Dedecca.

Fonte: Valor Econômico

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