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Copom do Banco Central sinaliza juros "ligeiramente" acima de 8,75%

O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central deixou claro que pretende levar a Selic para patamares "ligeiramente acima dos mínimos históricos" e estabilizá-la neste nível. O piso já alcançado na taxa básica de juros é de 8,75% ao ano, que vigorou entre julho de 2009 a abril de 2010.

"O Copom atribui elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares ligeiramente acima dos mínimos históricos, e nesses patamares se estabilizando", informou o BC na ata da última reunião do Copom realizada em 6 e 7 de março e divulgada nesta quinta-feira (15).

Na semana passada, o Copom acelerou o passo e reduziu a taxa básica de juros do país em 0,75 ponto percentual, para 9,75% ao ano, voltando ao patamar de um dígito depois de quase dois anos. A decisão, no entanto, foi dividida, com cinco diretores optando pelo corte de 0,75 ponto e dois, de 0,50 ponto.

O documento mostrou ainda que o colegiado todo concorda com o tamanho do ajuste monetário, porém parte dele preferiu adiantar esse processo. O Copom informou que "não detecta mudanças substantivas nas estimativas para o ajuste total das condições monetárias... À vista disso, dois membros do Comitê ponderam que seria oportuna a manutenção do ritmo de ajuste da taxa Selic (de 0,50 ponto). Entretanto, a maioria argumenta que..., neste momento, para redistribuição temporal do ajuste total das condições monetárias como a estratégia mais apropriada."

Desaceleração da economia

O Copom entendeu que o ajuste feito na Selic se sustentou pela desaceleração da economia brasileira no segundo semestre de 2011, maior do que se antecipava; falta de uma solução definitiva para a crise na zona do euro; e riscos por conta da desalavancagem de bancos, famílias e de governos nos principais blocos econômicos.

Com as sinalizações do Copom, o mercado já começa a ajustar suas previsões sobre o ritmo de corte da Selic, caminhando para encerrar o ano a 9%. É o que pensa o economista-chefe da Prosper Corretora, Eduardo Velho, para quem o crescimento econômico está abaixo do potencial.
"Esse crescimento abaixo do potencial referendou o corte de 0,75 ponto na última reunião", afirmou Velho em linha com as informações do documento do Copom.

Para o estrategista-chefe do Banco WestLB, Luciano Rostagno, o BC usou uma linguagem bastante explícita para alinhar as expectativas do mercado quanto a espaços futuros para cortes e, com isso, deve evitar uma maior volatilidade na curva futura de juros. Ele também prevê a Selic a 9%.

Recorde histórico

Pesquisa recente da Reuters mostrou que, na mediana dos especialistas consultados, o Copom optaria por cortes na Selic que a levariam a 8,50% no fim do ano, o que seria um novo recorde histórico.

Ao sinalizar qual o encerramento do ciclo de afrouxamento monetário, na prática o BC também pode ter adiado as discussões sobre alteração no rendimento da caderneta de poupança. Na avaliação do economista-chefe da SulAmérica Investimentos, Newton Rosa, isso também atende aos interesses políticos de evitar mexer numa questão sensível em ano eleitoral.
"Um dos limites para a queda da Selic era a questão política de mexer na poupança e o Congresso tem dado sinais claros que não pretende mexer nisso", afirmou Rosa. "Agora, quando se fala em (Selic a) 9% atende-se dois lados: politicamente e tecnicamente. Satisfaz gregos e troianos", emendou.

Com a queda da Selic, havia o risco de migração de investimentos em renda fixa para a poupança, cuja remuneração é fixada em 0,50% ao mês mais a variação da Taxa Referencial (TR), o que poderia trazer distorções.

Inflação

Logo após a divulgação da ata, as projeções de juros dos contratos DI abriram com acentuada alta, com o mercado se ajustando às indicações da autoridade monetária.
Pela ata, o Copom também mostrou que o cenário de inflação avaliado é mais favorável neste ano, mas para 2013, piorou. No cenário de referência - baseado em taxas de juros constantes a 10,50% e dólar a 1,70 real -, a projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2012 foi reduzida e encontra-se abaixo do centro da meta, de 4,5%.

 Na ata anterior, de janeiro, o Copom via a inflação "ao redor do centro da meta."

No cenário de mercado, a previsão de agora para 2012 também recuou, mas se encontra ao redor do centro.
Já para 2013, as projeções de inflação do BC foram elevadas e, tanto para o cenário de referência quanto de mercado, estão posicionadas "acima do valor central da meta". Na ata anterior, o BC via a inflação para o período ao redor do centro da meta no cenário de referência e acima no de mercado.

Rosa, da SulAmérica, acredita que ocorrerá uma aceleração dos preços no final do ano em consequência de a atividade econômica brasileira crescendo a um ritmo anualizado de 5 ou 6%.
"Em 2013, corre-se o risco de desgarrar da meta e forçar o Banco Central a subir juros", afirmou Rosa. Para ele, para diminuir a intensidade de um eventual aumento da taxa básica no ano que vem, a autoridade monetária poderia adotar ainda neste ano medidas macroprudenciais de controle de crédito.

Relatório Focus do BC divulgado na segunda-feira mostrou o movimento de repique inflacionário em 2013. A previsão é que o IPCA feche 2012 em 5,27%, ante 5,24% no relatório anterior. Para 2013, subiu para 5,50%, ante 5,20%.

Taxa neutra

O Copom avaliou também que mudanças estruturais na economia brasileira possibilitaram o recuo nos juros, sobretudo na taxa neutra - que permite crescimento econômico sem pressões inflacionárias. Na ata, também avaliou que houve redução dos prêmios de risco em conseqüência do cumprimento da meta de inflação, da estabilidade macroeconômica e de avanços institucionais.
"O processo de redução dos juros foi favorecido por mudanças na estrutura dos mercados financeiros e de capitais, pelo aprofundamento do mercado de crédito bem como pela geração de superávits primários consistentes com a manutenção de tendência decrescente para a relação entre dívida pública e PIB", informou o Copom na ata.

A indicação de que o BC queria levar a Selic abaixo de 10 % veio na ata do Copom de janeiro, quando explicitamente informou que havia "elevada probabilidade à concretização de um cenário que contempla a taxa Selic se deslocando para patamares de um dígito."
A grande preocupação do governo é estimular a economia e garantir um crescimento na casa de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. Em 2011, a economia brasileira cresceu apenas 2,7%, puxado por um mau desempenho da indústria.
Para tanto, a equipe da presidente Dilma Rousseff tem deixado claro que vai anunciar mais medidas para acelerar o crescimento da atividade, sobretudo na indústria.

(Fonte: Reuters/DIAP)

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