Está chegando ao fim o maior ciclo de investimentos que a General Motors já viveu no Brasil em sua centenária história: R$ 5 bilhões, utilizados no período de 2008 a 2012 – média, assim, de R$ 1 bilhão/ano de lá para cá.

Este valor teve diversos destinos: desenvolvimento de praticamente toda nova gama no Brasil, incluindo o projeto completo do sedã Cobalt, da picape S10 e de mais três veículos para venda em dezenas de mercados globais. A maior parcela, entretanto, cerca de R$ 2 bilhões, foi – ou está sendo – aplicada para, na prática, dobrar a capacidade produtiva da unidade de Gravataí, RS, de onde sairão os modelos da nova família Ônix.

Em meio à atual grande renovação de portfólio, que receberá mais um modelo no fim deste junho, Grace Lieblein, presidente da GMB – que a cada dia aprimora seu português – negocia com a matriz estadunidense novo aporte para os próximos cinco anos, ou seja, de 2013 a 2017.

À Agência AutoData, no Campo de Provas da Cruz Alta, em Indaiatuba, SP, a executiva preferiu não revelar números, e nem mesmo se o novo aporte será superior àquele hoje em curso. Mas afirmou que as conversações estão quase concluídas, e que o anúncio deste novo investimento GM no País deverá ser realizado no segundo semestre – o Salão do Automóvel, no fim de outubro, pode representar excelente oportunidade para fazê-lo.

Apesar de o valor total do investimento ainda não estar 100% definido uma pequena parte já é conhecida: R$ 710 milhões serão aplicados na futura unidade de Joinville, SC, em vias de inauguração, para produção de transmissões – 150 mil/ano. Pois no pacote de R$ 5 bilhões a unidade catarinense contava com apenas R$ 350 milhões, para a construção da fábrica em si e produção de 120 mil motores/ano e 200 mil cabeçotes/ano.

IPI – Lieblein elogiou a iniciativa governamental de estimular as vendas de veículos, via redução do IPI e de taxas de financiamento, em comum acordo com montadoras e instituições bancárias: "Tudo que promove a aceleração de mercado é positivo".

Após as medidas a GM passou a trabalhar com projeção de mercado de 3 milhões 750 mil unidades vendidas este ano, conforme já antecipara Gustavo Colossi, diretor de marketing, na segunda-feira, 11, no Seminário AutoData Revisão das Perspectivas 2012.

A executiva, entretanto, não tem certeza da eficácia das medidas. O entendimento particular da GM sobre o momento de mercado ainda é delicado, pois houve demora no refaturamento completo de todas as unidades da rede, dificultando uma análise 100% concreta dos números disponíveis até agora: "Mas é fato que houve bom aumento no movimento de loja e nas vendas".

A empresa já demonstrara preocupação com os altos estoques da rede após o quadrimestre, e para isso promoveu feirão a juro zero para modelos de entrada na primeira quinzena de maio, antes mesmo das medidas – o que já ajudara a arrefecer o volume de veículos nas lojas. Parte deste movimento, entretanto, está sendo concretizado apenas em junho, após o refaturamento de unidades.

Lieblein também prefere aguardar um pouco mais para fechar posição quanto a uma possível extensão do prazo das medidas, originalmente agendado para término em 31 de agosto:
"É preciso verificar como o mercado terá reagido até lá. Um acréscimo no prazo poderá ser necessário, especialmente se a crise na Europa refletir com mais força no Brasil. Ainda temos que esperar mais um pouco para entender qual a cor do cenário".