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Carro ineficiente pode pagar mais de R$ 8 mil

Multas pesadas que podem passar de R$ 8 mil por unidade vendida. Esta é sem dúvida a maior motivação que as montadoras têm para atingir a meta estipulada pelo Inovar-Auto de melhorar em, no mínimo, 12% a eficiência energética dos veículos vendidos no Brasil até 2017. Em contrapartida, quem superar o objetivo e reduzir o consumo a partir de 15% e a partir de 18,8%, pode ganhar desconto extra de IPI de um ou dois pontos porcentuais, respectivamente. Em um modelo 1.0 de R$ 30 mil, isso pode significar ganho de R$ 300 a R$ 600 por unidade.
 
Esses cálculos de perdas e ganhos foram feitos pela Bosch e têm sido apresentados aos clientes, os fabricantes de veículos, como instrumento de convencimento para vender componentes e sistemas capazes de atingir e superar as metas de eficiência do Inovar-Auto. “Os objetivos são bastante apertados, mas já existe tecnologia desenvolvida para atingí-los e as montadoras sabem que vão precisar adaptar seus produtos rapidamente para não perder dinheiro, pois dois anos é muito pouco para desenvolver qualquer solução nova, é preciso usar o que já está à mão”, diz Jair Pasquini, diretor de engenharia da Robert Bosch. Ele apresentou na semana passada estudo da companhia sobre o tema durante o seminário “Inovação na Indústria Automotiva”, realizado em São Paulo pelo Comitê de Inovação da Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha (AHK).

A Bosch fez um levantamento das regras do Inovar-Auto e desenvolveu uma ferramenta para medir a distância dos produtos de cada montadora das metas do Inovar-Auto e propor as soluções ao custo mais adequado para cada situação. Segundo o estudo, a defasagem da frota produzida hoje no Brasil começa em 9% acima da meta mínima do regime automotivo, mas nos veículos maiores, com peso acima de 2 toneladas, chega a superar 32%. “Para quem está mais próximo da meta, muitas vezes a simples melhoria de eficiência dos motores atuais já é suficiente para enquadrar na regra, mas para aqueles muito fora da média será necessário investir mais e incorporar um pacote de soluções, como GDI (injeção direta de gasolina/etanol), turbocompressor e Start-Stop (que desliga o motor quando o carro para e religa assim que o motorista tira o pé do freio)”, explica Pasquini.

MULTA PARA CADA PONTO FORA DA META
De acordo com a regulamentação do Inovar-Auto, publicada no ano passado, cada veículo vendido que não atingir a meta mínima de 12% de redução média de consumo até 2016, vai em 2017 a pagar multa que começa em R$ 50 pelo primeiro 0,01 megajoule (MJ) por quilômetro excedido, mais R$ 90 pelo segundo 0,01 MJ/km, mais R$ 270 pelo terceiro 0,01 MJ/km e R$ 360 do quarto 0,01 MJ/km em diante. Além disso, a montadora infratora terá de devolver 10 pontos porcentuais (dentro dos 30 possíveis) dos créditos de IPI que obteve durante a vigência do Inovar-Auto, de 2013 a 2017, por atender a outros tópicos do programa, como volume de compras de componentes nacionais, processos de manufatura local e investimentos em pesquisa, desenvolvimento e engenharia.

Na prática, levando em conta só a multa por unidade vendida e a média fora da meta mínima de eficiência hoje, que é de 0,25 MJ/km, cada carro pagaria R$ 8.330. Em outro exemplo extremo, caso o modelo consuma 0,35 MJ/km além do limite legal em 2017, vai pagar R$ 11.930 por unidade vendida.

Em sua apresentação Pasquini mostrou um exemplo prático de um carro atualmente no mercado, que é tributado com alíquota de 11% de IPI, equipado com um motor flex 1.6 16V de quatro cilindros e 105 cavalos, que pesa 1.128 kg e tem consumo médio de 2 MJ/km – portanto, 0,18 MJ/km acima da meta de 1,82 MJ/km estabelecida pelo Inovar-Auto. Se continuar assim até 2016, este modelo pagará multa de R$ 5.810. Se a montadora vender 130 mil unidades dele no ano, pagaria penalidade de R$ 755,3 milhões.

Com tamanha penalidade, é certo que o veículo do exemplo terá de passar obrigatoriamente por uma série de melhorias, incluindo downsizing, para não ser multado. Pasquini inverteu o cálculo para um modelo que supere a meta. No mesmo carro de sua simulação, de 1.128 kg, ele introduziu motor flex 1.0 12V de três cilindros e comando de válvula variável, que passaria a ter 125 cavalos com uso de turbocompressor e injeção direta de combustível. Também seria adicionado o sistema Start-Stop. Somando todas as soluções empregadas, o consumo cairia a 1,68 MJ/km. Com isso, a tributação de IPI, que já baixaria para 7% só pelo uso do motor de 1 litro, pela superação da meta do Inovar-Auto seria reduzida em mais 2 pontos porcentuais, para 5%. Em um carro de R$ 40 mil, isso significaria ganho de R$ 2,4 mil por unidade – que pode ou não ser repassado ao consumidor.
Para chegar a esse resultado positivo, no entanto, as montadoras vão precisar investir bastante, devido à grande defasagem de todas elas em relação à meta proposta. Apenas para atender à redução de consumo mínima de 12% exigida pela legislação, a consultoria IHS Automotive calcula que os fabricantes instalados no Brasil terão de gastar em torno de US$ 4 bilhões até 2016.

O arsenal de soluções usado para atender a meta de eficiência e superá-la deverá ser aplicado de acordo com a defasagem da montadora para adequar seu portfólio à legislação de redução de consumo. Em seu estudo a Bosch listou pelo menos sete tecnologias já disponíveis e a contribuição de cada uma delas: o Start-Stop pode reduzir o consumo em 3% segundo teste misto urbano/estrada (mas pode chegar 20% em teste realizado pela própria Bosch no anda-e-para de uma cidade como São Paulo); outro 1,5% pode ser conseguido com uso de sistema inteligente de gerenciamento de energia; mais 1,8% com controlador de demanda de combustível; a direção elétrica economiza 2%; pneus de baixa resistência ao rolamento outros 2%; redução de atrito do motor pode trazer ganho de 2%; e a injeção direta de combustível depende do motor em que é aplicada, mas pode chegar a 5% de economia.

Fonte: Automotive Business

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