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Chery adianta inauguração em Jacareí

Mesmo sem nenhum carro rodando na linha de montagem, que ainda precisa de ajustes finais, a Chery decidiu adiantar a inauguração oficial de sua primeira unidade de produção completa fora da China – também a primeira fábrica chinesa de veículos a abrir as portas no Brasil. Em evento na quinta-feira, 28, com a presença de diversas autoridades brasileiras e executivos da companhia, foi feita a abertura simbólica das instalações industriais em Jacareí (SP), para mostrar a todos que elas estão quase prontas, e assim eliminar a desconfiança que rondava o empreendimento, já atrasado em cerca de um ano.

Ao contrário de outros fabricantes chineses que tentam se instalar no Brasil por meio de seus importadores e estão com planos suspensos ou atrasados, como é o caso da JAC Motors, a Chery, quer mostrar que seu projeto brasileiro está concretizado, mesmo que também atrasado. Segundo a empresa, para ajustar processos e os próprios carros, a produção pré-série começa em setembro e os primeiros Chery brasileiros serão enviados às concessionárias em dezembro.

O custo de produção mais alto no Brasil não preocupa os chineses: “É mais caro produzir aqui do que na China, mas trazer carros de lá tem um preço elevado de transporte e o imposto de importação é bastante alto. Tudo isso será compensado com a fabricação local”, pondera Zhou Biren, vice-presidente da Chery e chefe de operações internacionais da fabricante. O mesmo raciocínio se aplica aos mercados vizinhos da América do Sul: “O desejo da matriz é exportar dos Brasil para todos os países da região”, informa Biren.

CONFIANÇA

A inauguração acontece em cenário bastante diverso do vislumbrado em 2009, quando o mercado brasileiro de veículos crescia ao ritmo de dois dígitos porcentuais ao ano e a Chery decidiu abrir uma fábrica no País. Em 2011 foram vendidos 27 mil automóveis da marca aos brasileiros, mas a partir de 2012, com a sobretaxação a veículos importados, as vendas caíram a menos da metade, para 12 mil, com novo tombo e apenas 8 mil em 2013. Este ano, resolvidos os problemas de habilitação ao Inovar-Auto, que garante cotas de importação sem pagamento dos 30 pontos adicionais de IPI, a expectativa é emplacar 15 mil unidades. Mas um problema adicional surgiu: o mercado entrou em declínio. Nada disso, contudo, parece abalar a confiança dos chineses da Chery.

“O País tem 200 milhões de habitantes, o desenvolvimento econômico é rápido e seu mercado automotivo também cresce rápido, é o quarto maior do mundo. Achamos que a Chery atende às necessidades dos brasileiros, que são muito amigáveis com os chineses. A relação entre os governos dos dois países é muito boa dentro dos Brics. A base industrial aqui é forte, com mão de obra qualificada. Por todos esses motivos decidimos ter uma fábrica aqui”, justifica Biren. “Neste momento o Brasil passa por algumas dificuldades, mas essa crise não é o fim do mundo, é passageira, só não sabemos exatamente quando vai passar. Nós estamos confiantes que o mercado crescerá a 4 ou 5 milhões (de unidades por ano)”, confia.

Com planta local e projetos adaptados ao gosto do cliente brasileiro, os executivos esperam ver as vendas voltarem a crescer rapidamente. “Até 2018 queremos vender de 100 mil a 120 mil carros por ano com participação em torno de 3% do mercado”, afirma Roger Pen, presidente da Chery Brasil. “Com a fábrica operando, teremos uma demanda maior, o que refletirá também no aumento da rede de concessionárias. A meta é chegar ao fim de 2014 com 100 revendas por todo Brasil (hoje são 67). Vamos focar bastante no Nordeste, que vem crescendo em ritmo mais acelerado do que outras regiões”, analisa Luis Curi, vice-presidente da empresa.

“A meta de 3% de market share está baseada na análise de mercado que fizemos ainda em 2010. A situação atual (de queda das vendas) deverá se reverter, pois há mercado para isso. O Brasil ainda tem uma baixa taxa de motorização e medidas para reaquecer o mercado já estão sendo tomadas pelo governo”, avalia Curi.

INVESTIMENTOS

Para produzir seus carros no Brasil, a Chery faz investimentos com recursos próprios de US$ 530 milhões para instalar duas fábricas em Jacareí: uma de automóveis e outra de motores. Situada dentro de um terreno de mais de 1 milhão de metros quadrados às margens da Via Dutra, a primeira planta, que começou a ser construída em junho de 2011, recebeu aportes de US$ 400 milhões. Tem área construída total de 400 mil metros quadrados que abriga em três prédios os setores de soldagem de carrocerias, pintura e montagem final (as partes estampadas virão da China neste primeiro momento). O complexo ainda contempla uma pista de testes de cerca de 1 km, com variações diversas de terreno para simular as condições de solo.

Com a fábrica operando ainda parcialmente, a Chery Brasil conta com 300 funcionários – 30% deles são de ex-empregados da unidade da General Motors da vizinha São José dos Campos, que foram demitidos com o fechamento de uma das linhas de produção. Até o fim de 2014, pelo menos 500 pessoas estarão contratadas. “Deveremos produzir 50 mil unidades dos modelos Celer e QQ no primeiro ano de operação. Numa segunda fase poderemos chegar a 150 mil por ano, com 3 mil empregados”, informa Roger Peng.

O primeiro carro a sair da linha de produção brasileira será o Celer, nas versões hatch e sedã. No segundo trimestre de 2015 entra em linha o novo QQ, compacto de entrada da marca que passará por modificação de design. Em 2016 será a vez de um terceiro modelo, um utilitário esportivo. No mesmo ano, todos os três devem começar a ser exportados para países como Argentina, Uruguai, Colômbia, Equador, Venezuela e Peru. “Nossa intenção é fazer do Brasil uma base de exportação para toda a América Latina”, afirma o executivo.

Também fica em Jacareí, mas em outro terreno, próximo do entroncamento da Dutra com a rodovia Dom Pedro I, a fábrica da Acteco, a divisão de powertrain da Chery, que investe US$ 130 milhões para produzir dois propulsores flex gasolina-etanol. O 1.5 de quatro cilindros começa a ser feito já para o Celer, com sistema de injeção bicombustível fornecido pela Delphi. No próximo ano entra em linha o 1.0 de três cilindros para o QQ, com sistema da Magneti Marelli. “No futuro, serão produzidos outros tipos de motores, para abastecer não só a demanda da Chery em Jacareí, mas de outras localidades”, revela Peng. A partir de 2016, a Acteco também passará a fabricar transmissões na planta brasileira.

NACIONALIZAÇÃO

Quando anunciou seu investimento, a Chery não tinha intenção de fazer motores no País, mas após a adoção do Inovar-Auto, com obrigatoriedade de nacionalização de componentes em troca de isenções fiscais, o plano teve de ser revisto para aumentar os índices de localização. Assim, em abril de 2013 foi anunciada a decisão de instalar a fábrica de motores, que começa a operar agora com 30 empregados, mas deve chegar a 100 até o fim do ano.

Com todos os investimentos, o índice de nacionalização dos primeiros Chery fabricados no Brasil deve começar em cerca de 50% e será aumentando gradualmente, podendo chegar a 70% em aproximadamente dois anos. Nesse sentido, já foram assinados contratos com 22 fornecedores no País. Entre eles estão Plascar, Metagal, Pirelli, Moura, Robert Bosch, HVCC, Tyco, Johnson Controls, Goodyear, Basf e Petronas. “Todas essas empresas estão situadas em um raio de até 100 km de distância, porém, já contamos com um espaço ao redor da fábrica de automóveis para receber um futuro polo de fornecedores”, diz o vice-presidente Curi. Segundo ele, já está acertada a vinda de duas fabricantes chinesas de autopeças – uma delas fornecerá os bancos.

“Nossa intenção é usar mais peças brasileiras ou compradas na América do Sul. O custo é um fator importante na compra de componentes, mas a logística também é, por isso precisamos comprar mais aqui”, diz Roger Peng. “O governo brasileiro também nos obriga a fazer isso. Vamos tentar nacionalizar o máximo possível. Por isso precisamos de equipes fortes de engenharia”, completa.

Também para aumentar os índices de nacionalização e atender os requisitos do Inovar-Auto, que envolvem metas mínimas de investimento em pesquisa e desenvolvimento no País, a fabricante chinesa decidiu instalar um centro de engenharia para isso, que recebe aporte de R$ 50 milhões. “Provavelmente, a partir de 2018 a Chery terá um automóvel pensado, desenvolvido e produzido especialmente para o mercado brasileiro. O centro de P&D também vai atuar no desenvolvimento de novos modelos para a América Latina”, diz o vice-presidente Luis Curi. “É uma ferramenta fundamental para melhorar a qualidade de nossos produtos aqui e atender as exigências do Inovar-Auto”, completa.

“Eu já cheguei a enviar pedras aqui do Brasil para nosso centro de engenharia na China. A partir disso foram feitas pistas para testar nossos carros e melhorar a qualidade”, conta Peng.

“Antes chamávamos esta operação de Chery Brasil. Agora chamamos de Chery brasileira. Temos de atender todas as exigências brasileiras de emissões e consumo de combustível e para isso precisamos de instalações e mão de obra especializadas”, afirma o chefe de operações internacionais Zhou Biren.

Fonte: Automotive Business

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