Gregos fazem greve geral para impedir cortes impostos pelo FMI e União Européia
Milhares de trabalhadores estão de braços cruzados à espera da votação no Parlamento sobre cortes de gastos do governo
A Grécia está paralisada hoje por uma greve geral de 48 horas, com milhares de trabalhadores de braços cruzados à espera da votação no Parlamento sobre cortes de gastos do governo para o país escapar de um default (não pagamento das dívidas). É a segunda greve geral a atingir o país este mês.
A paralisação é convocada pelas duas maiores centrais sindicais gregas, contrárias aos cortes apontados pelo mercado como cruciais para a estabilidade financeira da zona do euro. Está em jogo um plano de austeridade de cinco anos, com previsão de cortes de 28 bilhões de euros e um programa de privatização relacionado, que Atenas precisa aprovar em troca de nova ajuda de seus parceiros da União Europeia (UE) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).
O primeiro-ministro da Grécia, o socialista George Papandreou, disse ontem à noite a parlamentares que apelou aos parceiros do país na Europa para que dêem mais tempo e dinheiro para os gregos equilibrarem suas finanças, enquanto ele tenta obter apoio entre os membros de seu próprio partido. "Agora é a hora de responsabilidade para todos nós. Eu sei que o grupo parlamentar socialista fará seu trabalho", afirmou Papandreou. "Nós pedimos à Europa que faça o mesmo: dê tempo à Grécia, mas também as condições que permitam ao país realmente pagar suas dívidas sem naufragar."
A União Europeia e o FMI exigem que os gregos aprovem o plano de austeridade, implementem leis e realizem um programa de privatizações estimado em 50 bilhões de euros, antes de receber ajuda.
Paralisações
Durante a greve de hoje, os serviços públicos estão paralisados por todo o país, com escritórios dos governos central e locais fechados. Hospitais públicos funcionam em esquema de plantão e as operações do correio estão suspensas. Escolas e universidades também estão fechadas, com dezenas de milhares de professores parados.
A greve também atinge empresas estatais - muitas das quais devem ser privatizadas, caso os novos planos sejam aprovados. Bancários, jornalistas e farmacêuticos fazem suas próprias paralisações.
Os serviços de transporte estão bastante afetados. As operações ferroviárias e por ferry estão suspensas, e os controladores do tráfego aéreo planejaram uma série de paralisações que levaram ao cancelamento de dezenas de vôos. O transporte público no entorno da capital, Atenas, está paralisado, com apenas o metrô operando para permitir que os trabalhadores se juntem às grandes manifestações previstas para ocorrer ainda hoje.
Em comunicado, a Central sindical do setor público, Adedy, afirmou que a greve seria um "catalisador" para reverter o plano de austeridade do governo. Na opinião da Central sindical, a Grécia deve escapar dos "tubarões" que concedem empréstimos e também das "políticas do governo que se empenham em vender o país".
Fonte: Agência Estado – 28/06/2011
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