O relógio marca 14h e Valdemar Zanatta chega no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (SMC) com passos lentos, acompanhado pela esposa e pela neta para dar entrevista ao departamento de imprensa. No seu rosto um sofrimento estampado.

Este ex-metalúrgico de 45 anos é vitima da silicose, uma doença pulmonar crônica adquirida através do pó de sílica, elemento usado no trabalho com o jato de areia. Este equipamento é proibido no Brasil desde 2004 através da portaria nº99 de 19 de outubro de 2004 do Ministério do Trabalho e Emprego e já vitimou milhares de trabalhadores.
 
Valdemar trabalhou dos 14 aos 19 anos em uma empresa que já não existe mais, em São José dos Pinhais e que prestava serviços de jateamento para o setor metalúrgico.

Um ano depois quando já estava em outra empresa, do setor madeireiro, ele começou a sentir os sintomas, como falta de ar e reumatismos. Após vários exames ele descobriu que estava com silicose. Mas foram necessários 7 anos para descobrir que a doença veio pelo pó do jato de areia e não pelo pó de madeira.

A silicose foi contraída mesmo com o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIS). “Não tem equipamento de segurança que resolva, por que eu usei tudo que foi necessário, tudo o que lei pedia, desde botas, sapatos, luvas, macacão e nada resolveu. Eu saia daquele uniforme e do capacete sujo de pó. Nada segura”, contou Valdemar. 

Valdemar foi afastado pelo auxilio doença em 2000 até ser transferido para acidente de trabalho quando descobriram a silicose de areia. Já são 17 anos de afastamento e tratamento pulmonar. Agora o ex-metalúrgico está no aguardo de um encaminhamento para fazer um transplante de pulmão.

Toda esta situação acabou prejudicando a vida familiar, profissional e consecutivamente a vida financeira de Valdemar. “Hoje eu conto com doações financeiras para comprar medicamentos, se não seria quase impossível comprar. São muitos remédios.”

Ao final da entrevista Valdemar mandou uma mensagem aos empresários que ainda atuam de forma ilegal, “eles deviam hoje olhar para a situação que eu estou. Muitos empresários sabem do perigo e continuam agindo de forma irregular e prejudicando vários trabalhadores. Por isso é preciso denunciar”, desabafou em lágrimas Valdemar.

Campanha "Me ajude a respirar"
Com o objetivo de ajudar a viabilizar o transplante de pulmão do Valdemar, o SMC lança uma campanha entre os associados (as) metalúrgicos (as) para doar créditos pelo Cartão Fidelidade.

Para ajudar basta;
- acessar simec.com.br/entresocios
- informar cartão destino nº: 6363340106833401
- colocar o valor a ser transferido

Ajude o Valdemar nesta luta pela vida. Diga não ao jato de areia, diga não a silicose.