Redução da jornada de trabalho fica fora da pauta de votações deste ano
A primeira reunião de parlamentares que representam o empresariado e os trabalhadores, promovida para discutir a proposta de emenda à Constituição destinada a reduzir a jornada semanal de trabalho terminou, na quinta-feira (19), com duas decisões:
1) a proposta não será votada neste ano pelo plenário da Câmara; 2) a negociação vai continuar.
"O tamanho das divergências será resolvido durante a negociação. O mais importante é que a gente iniciou as negociações", afirmou o deputado e ex-sindicalista Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho (PT/SP), autor da proposta.
O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), deputado Armando Monteiro Neto (PTB/PE), se mostrou disposto a negociar uma saída para a votação.
"Há uma distância muito grande até o entendimento, mas vamos continuar discutindo".
Por enquanto, os empresários seguem sustentando o argumento de que a redução da jornada causará demissões e aumentará o custo da hora trabalhada e os preços dos produtos.
"Se fosse possível criar emprego através de iniciativas legislativas, não haveria desemprego no mundo, porque qualquer parlamento teria interesse de garantir o pleno emprego por lei. O que gera emprego é investimento, educação", alegou o presidente da CNI.
As centrais sindicais continuam afirmando que a redução da jornada, de 44 para 40 horas semanais, aumentará a oferta de emprego e tornará mais eficientes os trabalhadores.
"A redução da jornada de trabalho aumenta em menos de 2% os custos das empresas. Como a produtividade delas triplicou de 1988 para cá, ganharam muito dinheiro e podem arcar com a redução da jornada sem redução de salário, que vai gerar cerca de dois milhões de novos empregos", argumentou o presidente da Força Sindical, deputado Paulo Pereira da Silva.
Paulinho reafirmou, ao fim da reunião, que os sindicalistas aumentarão a pressão sobre os parlamentares e os empresários, a partir de janeiro.
"As centrais sindicais estão combinando que a partir do dia 15 de janeiro vai acontecer uma série de paralisações, greves e manifestações. Os trabalhadores só voltam quando reduzirem a jornada. Vamos iniciar o ano com o pé no acelerador".
A próxima reunião de negociação está prevista para o início de dezembro.
Fonte: Brasília Confidencial