Teixeira diz que ex-diretora da Anac tentou levar Varig à falência
O advogado Roberto Teixeira afirmou nesta quarta-feira que a ex-diretora da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) Denise Abreu agiu "em prol da liquidação e extinção da Varig" e que ela tentou levar a empresa à falência.
Teixeira é compadre de Lula e advogado do fundo americano Matlin Patterson na compra da VarigLog e da Varig. Ele foi acusado por Denise de ter usado sua suposta influência junto ao governo para pressionar a agência a favor de seus clientes.
"É mentira que eu tenha pedido ou obtido qualquer apoio político para exercer minha atividade", diz Teixeira no documento entregue à Comissão de Infra-estrutura do Senado, onde ele havia sido convidado para dar esclarecimentos sobre o assunto hoje. Seu depoimento foi adiado a pedido dos senadores da oposição.
"A senhora Denise Abreu também mentiu", diz o advogado, que listou no documento uma série de "atos concretos" da ex-diretora contra a Varig.
Ele diz que o escritório entrou com cerca de 300 processos na Justiça sobre o caso Varig. "Diversos desses processos tinham como objetivo combater arbitrariedades praticadas por Denise Abreu."
Para Teixeira, a ex-diretora praticou diversos atos com o objetivo de distribuir as linhas da Varig para as empresas concorrentes e impedir a tentativa de recuperação da empresa.
Em nota, Denise Abreu respondeu que as declarações de Teixeira "procuram apenas desviar o foco dos problemas que o afligem".
Histórico de desavenças
O escritório de Teixeira passou a atuar no caso depois que a venda da Variglog para o fundo norte-americano já havia sido aprovada pelo DAC (Departamento de Aviação Civil), que foi posteriormente substituído pela Anac.
Os problemas com Denise começaram quando ela reabriu o processo de venda, contestando as informações sobre a presença de capital estrangeiro na empresa além do limite permitido pela legislação, de 20%.
A briga continuou depois da confirmação pela Anac, por unanimidade, de que a venda não feria a legislação. Quando a VarigLog comprou a Varig, Denise teria agido para impedir que a empresa pudesse voar.
No final do documento, Teixeira responsabiliza ainda a diretora por diversos prejuízos causados ao setor de aviação, entre eles o caos aéreo no final de 2006 e início de 2007 e o acidente da TAM em Congonhas no ano passado.
Entenda
A VarigLog é a ex-subsidiária da Varig de transporte de cargas. A companhia é alvo de um imbróglio empresarial envolvendo o fundo Matlin Patterson e os sócios brasileiros, que travam disputas judiciais no Brasil e no exterior desde a metade do ano passado.
O fundo se associou, por meio da Volo do Brasil, com três brasileiros para controlar a empresa, mas houve um desentendimento na gestão dos recursos recebidos pela venda da Varig para a Gol --a VarigLog comprou as operações da Varig em leilão por US$ 24 milhões e depois revendeu a companhia aérea à Gol por US$ 320 milhões.
Por conta das disputas judiciais, há meses a VarigLog enfrenta sérios problemas, como suspensão de serviços e arresto de aeronaves por falta de pagamento a fornecedores e prestadores de serviços. Os funcionários também estão com salários atrasados, enquanto outras centenas foram demitidos.
Em abril, o juiz José Paulo Magano determinou a volta do fundo americano para a gestão da VarigLog e excluiu os brasileiros da sociedade. À época, o advogado Nelson Nery Junior, que representa o Matlin, informou que havia sido fixado pagamento de US$ 428 mil para cada um dos três sócios.
O juiz também mandou bloquear uma transferência de recursos da conta na Suíça da VarigLog para o Brasil e afastar Lap Chan, então gestor do fundo, do comando da empresa. Sobre isso, Nery Junior afirmou que o dinheiro seria usado na criação de uma linha de crédito para socorrer a empresa e não era uma tentativa de desvio.
Fonte: Folhaonline.com.br