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Fábrica de papel imprensa ameaça fechar as portas

Única fábrica nacional de papel imprensa, a Norske Skog Pisa - unidade brasileira do grupo norueguês Norske Skog -, localizada em Jaguariaíva, Norte Pioneiro, ameaça fechar as portas. A empresa, que produz 180 mil toneladas de papel por ano e emprega diretamente cerca de 300 pessoas, não está conseguindo equilibrar as contas e, desde o início do ano, opera no vermelho.

Com faturamento anual de US$ 100 milhões, a Norske Skog Pisa já vinha enfrentando dificuldades desde 2003. “Há dois anos, a taxa de retorno era pífia, bem abaixo do esperado. Mas esse ano passamos a ter que colocar dinheiro, a fábrica entrou no vermelho”, contou o diretor de Relações Externas da Norske Skog Pisa, Afonso Noronha, sem detalhar os números do prejuízo. A produção da unidade brasileira abastece 30% do mercado consumidor de papel imprensa no País.

De acordo com Noronha, há três problemas que colocam em risco a sustentabilidade e a viabilidade da indústria de papel imprensa no Brasil: o câmbio, o preço da energia elétrica e o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). “Desses, apenas o ICMS é um problema solucionável”, apontou. Segundo Noronha, a empresa acumula cerca de R$ 50 milhões em crédito de ICMS - valor que não pode ser transformado em recurso financeiro sem uma legislação estadual específica. “Quem não paga imposto na saída, não tem direito a crédito na entrada. Conclusão: ficamos com um mico, porque o papel imprensa tem imunidade tributária”, explicou Noronha.

Em outras palavras, a fábrica -uma das principais consumidoras de energia elétrica no Paraná - paga 37% de alíquota sobre a energia (o que corresponde a aproximadamente R$ 2 milhões por mês) e não consegue transformar o crédito em recursos financeiros. “Nosso setor é eletro-intensivo. A energia elétrica responde por praticamente 40% do custo total da empresa”, comentou. Segundo Noronha, a energia elétrica, em dólar, subiu 300% nos últimos sete anos.

Câmbio

Além do alto custo da energia elétrica, a indústria enfrenta outro problema: o câmbio atual, que favorece o produto importado. “O câmbio exerce um impacto enorme sobre os nossos resultados. A competição com o papel que vem de fora é muito grande e somos obrigados a vender o papel dentro dessa competição”, explicou. Noronha lembrou ainda que os custos são em reais e que o impacto da taxa de câmbio na rentabilidade da empresa “é brutal”. Segundo balanço da empresa, os custos de produção (incluído o frete) subiram 74% em reais nos últimos sete anos; no mesmo período, o preço de venda do papel imprensa caiu 8,5%. Segundo o diretor, mesmo que o dólar subisse para R$ 2,00 não resolveria o problema da empresa. A solução, de acordo com Afonso Noronha, seria conseguir a isenção do ICMS sobre a energia elétrica ou, pelo menos, um diferimento.

A direção da Norske Skog Pisa vem tentando mostrar ao governo do Estado que a cadeia produtiva da região formada por Jaguariaíva, Sengés e Arapoti é superavitária na arrecadação. “O fechamento da Norske Skog provocaria um grande impacto socioeconômico sobre a região”, comentou, lembrando que os empregos diretos e indiretos da unidade brasileira somam cerca de 10 mil. “Haveria também impacto sobre os jornais. Os de grande circulação podem importar, mas os pequenos passariam a depender dos intermediários, das distribuidoras.” Ele negou que a empresa estaria com planos de se mudar para a Argentina.

Para tentar driblar as dificuldades financeiras, a fábrica chegou a aumentar a produção de papel comercial (encartes de jornais), que é tributado. “O problema é que existe um limite. Não há tanto mercado para este tipo de papel”, comentou. Hoje, 95% da produção da unidade brasileira da Norske Skog é de papel imprensa e apenas 5% de papel comercial. Fundada em 1962, na Noruega, a Norske Skog soma 17 fábricas em operação em 13 países de quatro continentes. No Brasil, está presente desde 2000.

Governo do Estado diz que Norske “não se enquadra”

A Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa/PR) informou, através da assessoria de imprensa, que, conforme prevê a legislação, o diferimento do ICMS sobre a energia elétrica só pode ser concedido em quatro casos: na transferência da usina geradora para o estabelecimento consumidor; quando destinada às cooperativas rurais redistribuidoras desta mercadoria; no fornecimento da usina geradora para estabelecimentos redistribuidores e quando destinada a consumo no setor agropecuário. A Norske não se encaixa nestes perfis.

Já a isenção do ICMS só pode ser concedida sobre a “parcela de demanda de potência de energia elétrica não utilizada e colocada à disposição do adquirente, nas operações realizadas com base em contratos de demanda (Lei n. 14.773/2005).”

A secretaria não comentou se as negociações com a Norske Skog estão de fato ocorrendo, nem se há avanços. Apenas informou que, conforme o portal internet da Sefa/PR (www.fazenda.pr.gov.br), onde são divulgados os nomes das empresas credenciadas, pelo fisco, a transferir créditos acumulados, consta que a empresa Norske Skog Pisa Ltda é “credenciada transferente sem créditos habilitados no presente momento”. (LS)

Paraná perdeu outros investimentos este ano

Só este ano, o Paraná perdeu pelo menos duas oportunidades de investimentos. A fabricante japonesa de pneus Yokohama, que instalaria uma unidade em São José dos Pinhais, mudou os planos depois de receber possíveis benefícios dos governos da Bahia e de Pernambuco. A decisão ocorreu quase um mês depois de o grupo americano Guardian - um dos maiores fabricantes de vidros do mundo - também ter desistido do Paraná e optado pelo interior de São Paulo, em troca de melhores benefícios fiscais. Somados, os investimentos das duas fábricas chegariam a US$ 100 milhões.

A vinda de executivos da matriz japonesa da Toyota ao Paraná, há cerca de dez dias, reacendeu as expectativas de que o Estado receberia novos investimentos.

O Paraná, porém, perdeu mais uma: a montadora japonesa parece já ter feito sua escolha - a nova unidade, que deve absorver até US$ 1 bilhão, deve ser instalada em São Paulo. A fábrica incluirá uma linha de automóveis pequenos e outra de motores.

Na disputa por novos investimentos, o governo do Estado obteve uma importante vitória este ano: a Fiat Powertrain Technologies (FPT), divisão da montadora italiana Fiat, será instalada em Campo Largo, na fábrica que pertencia à fabrica de motores Tritec. O investimento da FPT chega a R$ 250 milhões.

Fonte: Paranaonline.com.br

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