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Aumento de produção dobra número de recalls de automóveis

Os sucessivos recordes de vendas de carros obrigaram as montadoras a acelerar a produção num ritmo muito acima do previsto. Para dar conta da demanda, várias fábricas operam 24 horas durante os sete dias da semana, convocam horas extras e criam novos turnos.

O stress das linhas de montagem tem aumentado os índices de defeitos na produção e, em conseqüência, o de recalls. O número de recalls mais do que dobrou nos últimos anos. Quando se leva em conta o número de carros envolvidos nos recalls os números são ainda mais impressionantes. Só neste ano, 818,2 mil veículos foram convocados para consertos. Em todo o ano passado foram 256,3 mil.

Muitos dos modelos envolvidos fazem parte de lotes de produção de anos anteriores, mas a própria indústria já teme os efeitos desse "lado B" do boom de vendas de carros novos.

"O número de recalls mais que dobrou, a maior parte por defeito dos fornecedores", diz Edélcio Genaro, diretor de compras da Delphi, com base em estudo sigiloso feito por uma consultoria de São Paulo especializada no setor automotivo.

Genaro lembra que, na década de 50, as montadoras eram responsáveis por 75% do conteúdo de um automóvel. A participação foi reduzida a 50% nos anos 70 e a 25% hoje, o que as torna dependente dos fornecedores de componentes.

"Tem muita gente que não consegue mais ir à missa aos domingos", brinca o diretor de compras da Ford, Vagner Galeote, referindo-se às jornadas de fim de semana. "Eu vou à missa pedir pelos que estão trabalhando para que consigam fazer bem o trabalho."

Em 2007, ano de produção recorde de veículos no País, o custo médio dos problemas de qualidade de produtos correspondeu a 1,9% do faturamento das empresas, índice que era de 1,6% em 2004, quando o mercado começou a deslanchar.

Desde então, foram realizadas 222 campanhas de recall no mercado brasileiro, envolvendo quase 1,9 milhão de veículos que apresentavam riscos de segurança por causa de peças com defeito, de acordo com estatísticas do site estradas.com.br, especializado no tema.

Desde meados dos anos 90, quando a indústria automobilística introduziu no País os recalls - já comuns nos EUA e na Europa - , 6,2 milhões de carros passaram por convocações, o equivalente a 25% de tudo o que foi vendido no período.

Antes visto como ação de responsabilidade com o consumidor, o recall começa a incomodar as montadoras. "É quase uma vergonha, um sinal de fraqueza da engenharia", diz um executivo do setor. A pressa em desenvolver novos produtos para acompanhar a concorrência também tem resultado em falhas de projetos que levam ao recall.

Francisco Satkunas, da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade (SAE Brasil), diz que a qualidade dos veículos é afetada por falhas no projeto, na especificação e no processo, matérias-primas defeituosas, transporte e logística inadequados. Também há o velho mito que o humor dos funcionários afeta a produção. "Eu não queria comprar um carro montado por um santista no dia de hoje", brincou, um dia após a derrota do Santos por 4 a 0 para o Goiás.

Emergentes

Outra preocupação das empresas é com o aumento das compras de peças e matérias-primas de países emergentes, em especial os asiáticos, e da terceirização promovida por grandes grupos nessas regiões.

A consultoria Deloitte ouviu 237 executivos de indústrias localizadas em mercados desenvolvidos e 414 em países emergentes Nos últimos cinco anos, 75% deles tiveram problemas de recall com produtos fabricados nos países em desenvolvimento. "Muitas empresas transferiram produção para os emergentes na busca incessante de redução de custos", diz José Othon Tavares de Almeida, sócio da Deloitte no Brasil.

Segundo ele, "nesse processo, conceitos básicos como segurança e qualidade não foram observados , resultando em grandes recalls". Um exemplo são os milhares de brinquedos da Mattel que tiveram de ser destruídos em todo o mundo. Das empresas pesquisadas, 24% eram do setor automotivo.

Fonte: Agência Estado

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