Estudo do IPEA revela que salários não acompanham recuperação
Apesar do aumento da produtividade registrado após a crise financeira internacional, os lucros com o crescimento não estão sendo repassados aos salários dos trabalhadores brasileiros. É o que conclui uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), divulgada nesta quarta-feira (5).
Segundo o presidente da instituição, Márcio Pochmann, existem dois motivos pelos quais as empresas não estão repassando os ganhos com o aumento da produtividade e do lucro: a desvalorização do dólar frente ao real e os juros altos.
Câmbio flutuante e juros altos
"O câmbio e os juros altos forçam as empresas a enfrentar pressões de custo. Elas aumentam a produtividade e não repassam esses ganhos para não correr o risco de terem que aumentar o preço dos seus produtos. A taxa de câmbio, que voltou a se elevar, tem implicações inegáveis sobre o setor produtivo, desacelerando a atividade e comprometendo decisões voltadas pros investimentos", disse.
De acordo com Pochmann, o não repasse dos ganhos com produtividade para os salários causa um efeito negativo para o Brasil: a baixa participação dos salários na comparação com o Produto Interno Bruto brasileiro.
Participação do salário no PIB
"Isso é péssimo para o Brasil. Veja que, em países desenvolvidos, a participação da renda obtida com salário no PIB é cerca de dois terços. No Brasil, isso não chega a 50%. Isso significa que o Brasil precisa avançar. Mais da metade da renda do brasileiro deriva do lucro com propriedade, dos juros, de aluguéis", afirmou.
O presidente do Ipea explicou que apesar da crise financeira internacional, os salários aumentaram e o ritmo de redução da desigualdade de renda continua sua trajetória. "Em 2010, estamos assistindo a continuidade da recuperação econômica não apenas pela sustentação da renda das famílias, mas pela recuperação dos investimentos, que amplia capacidade produtiva nacional", disse.
Fonte: O vermelho