Montadoras pagam até 66% mais em participação nos lucros
Fonte: CNTM
O
pagamento de PLRs (Participação nos Lucros e Resultados) nas principais
montadoras do país aumentou até 66% na comparação com os valores
concedidos no ano passado.
O aumento reflete a tentativa dos
sindicatos de diminuir as diferenças salariais existentes principalmente
entre os metalúrgicos de São Bernardo do Campo (ABC) e de Curitiba (PR)
-que chegam a até 70% dependendo da função do trabalhador.
Economistas,
lideranças sindicais e executivos da indústria também apontam que,
diante do desempenho positivo do setor automotivo, os trabalhadores
querem "arrancar" uma fatia maior dos lucros das empresas.
O maior
valor é o pago pela Volvo, fabricante de caminhões e ônibus do Paraná,
que concedeu R$ 15 mil a 3.500 funcionários. No ano passado, foram R$
9.000.
"Não temos orgulho de carregar esse recorde. Porque podemos
ter consequências sérias no futuro, como a revisão de investimentos na
fábrica e no país", diz Carlos Morassutti, diretor de RH da Volvo. Ele
diz que as vendas da empresa cresceram 22% no primeiro quadrimestre
deste ano ante igual período do 2010 e que esse percentual está "muito
distante" do aumento da PLR.
Renault e Volks, parada há nove dias por
impasse nas negociações de PLR, também reclamaram nesta semana do
impacto do aumento da participação. Jean-Michel Jalinier, presidente da
Renault, disse nesta semana que a montadora já reavalia os investimentos
que seriam feitos na unidade de Curitiba e estima em 30% o aumento nos
custos da mão de obra, com a PLR de R$ 12 mil.
"O que acontece é que
as empresas querem pagar a mesma PLR que pagam no ABC, onde os salários
são maiores. Mas não querem pagar aos trabalhadores o mesmo salário que é
pago lá", diz Jamil Dávila, secretário-geral do Sindicato dos
Metalúrgicos da Grande Curitiba.
Para José Silvestre Prado de
Oliveira, coordenador de relações sindicais do Dieese, além de buscar os
lucros obtidos no setor, os sindicatos também podem tentar antecipar
ganhos na PLR porque sabem que, com a inflação em alta, as empresas vão
dificultar as negociações nas campanhas salariais.
"Apesar de ter
iniciado trajetória de queda, a inflação acumulada em setembro, quando
acontecem as campanhas, deve ser elevada. Isso dificulta as
negociações."