China e Brasil fazem engrenagem começar a girar
É sempre arriscado comentar as discussões ainda em andamento em COPs climáticas, já que tudo pode mudar nas longas horas de debates. Mas o clima em Durban sugere que está a caminho um pacote de decisões importante.
O comentário é de Tasso Azevedo e publicado pelo jornal O Estado de S. Paulo, 09-12-2011.
As duas principais decisões, interligadas, seriam a confirmação de um novo período de compromisso para o Protocolo de Kyoto e o estabelecimento de um processo negocial para que até meados da década seja estabelecido um novo acordo com obrigações e metas para todos os países a partir de 2020.
As emissões do planeta estão subindo e superam 50 gigatoneladas de gases-estufa por ano. A maior parte das emissões já vem dos países em desenvolvimento e o atual arranjo que obriga apenas parte dos desenvolvidos a reduzir emissões (os signatários do Protocolo de Kyoto) não nos permitirá reduzir as emissões em 80% até 2050, como sugere o Painel do Clima da ONU.
Até agora, a resistência de China, Brasil e Índia de aceitarem iniciar um acordo com obrigações para todas as partes em relação à redução das emissões vinha sendo um entrave para que países desenvolvidos aceitassem um novo compromisso no protocolo. Por isso, a sinalização dada pela China, no início da semana, e pelo Brasil, ontem, de aceitar trabalhar em um novo acordo com compromissos já em 2020, está permitindo que toda a engrenagem comece a girar. Outras decisões serão tomadas na esteira do caminho aberto por essas duas, como o estabelecimento do Fundo Verde Climático, um programa de adaptação de mudanças climáticas, entre outros.
Tudo isso deveria ser o resultado da COP-15, em Copenhague, há dois anos. Agora, é recuperar o tempo perdido.
Fonte: IHU Unisinos