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Inflação bate às portas do mundo e ameaça crescimento

Pela primeira vez em várias décadas, o mundo está preocupado com um problema que os brasileiros conhecem bem. Embora economistas já alertassem para a sua volta, foi nos últimos meses que a inflação tornou-se uma das principais preocupações mundiais. Segundo dados do Banco Mundial, a inflação global hoje está na casa dos 5,5% ao ano – o maior nível desde 1999.

Um ‘surto’ inflacionário mundial como o atual não era visto desde os choques do petróleo, na década de 1970, quando tensões no Oriente levaram a uma alta generalizada de preços no globo.

A inflação hoje é um problema quase "democrático" e ameaça o crescimento mundial. Na Europa, a taxa chegou aos 3,5%, no maior nível desde o início da década de 1990. Nos Estados Unidos, bate na casa dos 3,9%. A inflação oficial na China está em 8,5%, a maior em 12 anos. Na Rússia, passou de 8% para 14%.

"A inflação leva à perda de renda, que por sua vez leva à contenção do consumo. Com o consumo em baixa, reduz-se o crescimento da economia. Existem riscos significativos de conseqüências adversas", sintetiza Raphael Castro, economista da LCA Consultoria.

Mas embora a inflação atinja todos os países e classes sociais, não o faz igualmente. São os países em desenvolvimento e as populações de menor poder aquisitivo os que mais sofrem. “A inflação prejudica mais quem tem menos condições de proteger sua renda”, diz o professor de economia Alcides Leite, da Trevisan Escola de Negócios.

Diferentemente do que ocorreu na década de 1970, a inflação atual não é decorrente de um problema específico, mas tem suas raízes fincadas em uma série de fatores. Essa recente escalada de preços vem apoiada nos preços das commodities – petróleo, produtos agrícolas e metais na liderança.

Alta do consumo e especulação
Há pouco mais de um ano, o barril de petróleo era vendido a US$ 60 no mercado internacional. Na última sexta-feira (6), a cotação bateu todos os recordes, ultrapassando os US$ 139 no fechamento em Nova York.

Sem problemas de demanda, a alta, segundo os economistas, tem como pano de fundo a especulação. "Sair de US$ 60 e chegar a esse nível, sem dúvida é indício de que há especulação", diz o economista da LCA Consultoria. Os investidores apostam nessa commodity como hedge (lastro) frente à desvalorização do dólar, puxando a alta dos preços.

Os alimentos e os metais também sofrem forte alta nos últimos meses. Com o crescimento sem precedentes de países como Índia e China, a uma taxa que chegou a dois dígitos anuais, o consumo mundial desses produtos disparou.

"Na verdade o mundo passou por anos de taxa de inflação baixa, também por inclusão da China como grande produtora a custo baixo", diz Castro. Agora, o mundo está às voltas com as conseqüências desse crescimento acelerado.

Pressão dos alimentos
Os economistas relutam, no entanto, em creditar a alta dos preços apenas ao maior consumo de alimentos nos países em desenvolvimento. “O consumo é importante para explicar a alta, mas essa tendência vem de três, quatro anos. As pessoas não passam a comer de forma expressiva de uma hora para outra”, diz Castro.

Do final de 2007 para cá, a alta significativa fez o mundo esforçar-se para encontrar os vilões – e apontar o dedo para fatores como a expansão dos biocombustíveis, cuja área plantada expulsou o cultivo de alimentos, principalmente nos Estados Unidos.

Para os economistas, a matemática é mais complexa. Fatores sazonais, como a seca pela qual passa a Austrália – uma das grandes produtoras agrícolas mundiais – pesam sobre os preços. Na Ásia, a quebra de safras como o arroz reduziu a oferta do produto. Com a produção não acompanhando a demanda, os estoques foram caindo ao longo do ano.

O próprio petróleo também sustenta a alta dos alimentos. "O petróleo tem um pano de fundo significativamente importante. Tende a pressionar outras commodities via custo de produção. Primeiro as metálicas, depois as agrícolas. Pelo menos é o que a história nos diz", aponta o economista da LCA.

Os alimentos, por sua vez, 'espalham' a inflação pela economia. "Os alimentos fazem com que aumente o custo de toda a cadeia produtiva. Acaba aumentando o preço de tudo, diz Alcides Leite. "É muito difícil separar o que é inflação de demanda do que é inflação de custos. Uma coisa contamina a outra", explica.

Previsões
Se no final de 2007 a expectativa dos economistas era de que a alta de preços no Brasil perdesse força até o meio do ano, o otimismo está se esvaindo.

"A gente acredita que este ano vai fechar com inflação bem elevada", aponta Jean Barbosa, economista da Tendências Consultoria. "Há fatores vindo principalmente de preços internacionais, que estão elevando os custos em diversas atividades".

No curto prazo, tanto para o Brasil quanto para o resto do mundo, a tendência ainda é de aceleração dos preços, dizem os especialistas. "Pelo menos até o final do ano", diz Raphael Castro.

Com a economia dos Estados Unidos enfrentando dificuldades por conta da crise imobiliária e o crescimento mundial ameaçado pela própria inflação, espera-se que os preços desacelerem a partir de 2009.

"Nós estamos atingindo o pico no atacado. Acredito que ainda tenha um ou dois meses para atingir o pico da inflação no varejo. A economia mundial também não está crescendo muito, então os preços das commodities começam a parar de subir", diz o professor da Trevisan.

Ainda assim, dizem os economistas, nada deve voltar ao que era antes. Os preços devem parar de subir – mas não vão cair. "A tendência é estabilizar num patamar mais alto", diz Barbosa, da Tendências.

Inflação - IGP-DI perde força com alimentos
Rio de Janeiro – Graças ao comportamento favorável nos preços de carne e leite no atacado, a inflação medida pelo Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI) perdeu força em setembro. O indicador teve alta de 1,17% no mês passado, em comparação com o aumento de 1,39% em agosto. A Fundação Getúlio Vargas (FGV), que anunciou ontem o índice, não descartou novas quedas no indicador.

A taxa acumulada do IGP-DI serve para indexar as dívidas dos estados com a União. Até setembro, o índice acumula elevações de 4,44% no ano e de 6,16% em 12 meses. Mas o coordenador de Análises Econômicas da FGV, Salomão Quadros, aposta na continuidade das desacelerações, e em quedas nos preços do setor de alimentação no atacado. “Essa é uma lógica que serve para os resultados de todos os IGPs, que devem fechar o ano com taxa (anual) acima de 5%, mas não devem atingir 6,16%”, disse.

Ao falar sobre os preços para o consumidor, o economista da FGV fez uma ressalva. O preço do pão francês no varejo é o que mais corre risco de forte alta nos próximos resultados dos IGPs, devido ao repasse das altas de preços sofridos pelo trigo no atacado. “Enquanto o preço do insumo (no caso, o trigo) está subindo no atacado, o preço do produto está caindo no varejo. Vai ocorrer repasse” disse, acrescentando que o preço do trigo subiu 12,77% em setembro no atacado.
Fonte: G1/Globo.com

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