
Trump acusa Brasil de desvalorizar real e anuncia tarifa sobre aço e alumínio
“Brasil e Argentina estão promovendo desvalorização em massa de suas moedas, algo ruim para os nossos fazendeiros. Portanto, tendo efeito imediato, vou restaurar as tarifas sobre aço e alumínio que são importados aos Estados Unidos desses países”, escreveu o mandatário americano no Twitter.
Trump também cobrou que o Banco Central dos Estados Unidos adote medidas para evitar que países “tirem vantagens de nosso dólar forte”. “Isso torna as coisas muito difíceis para nossos fabricantes e fazendeiros exportarem seus bens”, afirmou.
Questionado por jornalistas sobre a retaliação americana, o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, disse que primeiro vai conversar sobre o assunto com o ministro da Economia, Paulo Guedes, antes de se pronunciar sobre a decisão de Trump.
“Se for o caso, ligo para o Trump. Eu tenho um canal aberto com ele”, disse o líder brasileiro.
Trump escreveu que a medida teria “efeito imediato”, mas não está claro se a sobretaxa dos produtos brasileiros adotada temporariamente no ano passado (25% sobre o aço e 10% sobre o alumínio) nem quando ela de fato passará a valer.
Dólar x real e peso
Setores exportadores do Brasil e da Argentina têm se beneficiado do câmbio favorável e da guerra comercial entre os Estados Unidos e a China, ocupando espaços de produtos antes exportados por fazendeiros e empresários americanos.
Por outro lado, os EUA são os maiores compradores do aço produzido no Brasil, em um mercado que movimenta US$ 2,6 bilhões (ou R$ 8,6 bilhões).
Em rota ascedente, o dólar chegou a bater na semana passada em R$ 4,27, o maior valor nominal da história sobre o real.
Nas projeções do último boletim Focus, divulgado semanalmente pelo Banco Central com a projeção de economistas para os principais indicadores, a moeda americana fechará o ano de 2019 cotada a R$ 4,10 — a projeção era de R$ 4 na semana anterior.
Segundo analistas, a alta do dólar sobre o real e o peso argentino (afetado pela derrota do presidente Mauricio Macri nas eleições) reflete a preocupação de investidores e gestores de recursos com as turbulências na América Latina, como os protestos no Chile e a incerteza política na Bolívia.
Impacto no Brasil
Em março do ano passado, a possibilidade de uma eventual sobretaxa para o aço e o alumínio exportados pelo Brasil gerou pânico entre produtores brasileiros.
À época, em meio à guerra comercial com a China, o presidente americano anunciou alíquotas de 25% sobre o aço e de 10% sobre o alumínio comprados pelos EUA de outros países, mas deixou de lado Brasil, Argentina, Austrália, União Europeia e Coreia do Sul.
A tarifa, que agora será restaurada, chegou a valer por um tempo sobre o aço e o alumínio brasileiros, mas depois o governo americano concedeu um alívio com cotas aos produtos do Brasil.
Fonte:Radio Peão
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